Guerreiro do Divino Amor

por Julia Lima

Tempo de leitura estimado: 2 minutos

Nascido na Suíça mas radicado no Rio de Janeiro, Guerreiro do Divino Amor realiza há anos uma extensa pesquisa sobre mundos fantasiosos que partem da nossa mais concreta vida cotidiana. Com títulos que têm “super” como prefixos (“Superficções”, “Superimpério”), os trabalhos de Guerreiro assumem a forma de publicações, vídeos, instalações e objetos, sempre valendo-se de uma estética da colagem, da manipulação de imagens, do improviso e do kitsch.

A pesquisa do artista não parte apenas da cultura popular, das imagens reproduzidas pelas mídias de massa ou de elementos típicos do cinema e da literatura de ficção científica, mas também e principalmente dos contextos políticos, sociais e econômicos do lugar onde ele trabalha ou que explora. Em residência em São Paulo, no Pivô, por exemplo, Guerreiro passou a pesquisar o entorno, as complexas camadas que a cidade oferece à investigação de modos de vida, de estéticas e de super-exageros.

A ideia de “super”, do exagero, ademais, é essencial ao trabalho de Guerreiro, que se utiliza do absurdo supremo para, de fato, criar narrativas sobre um mundo paralelo fictício. Contudo, apesar dos construtos disparatados, imagens fantásticas e articulações inusitadas, há uma sensação de espantoso fundo de verdade por trás dessas invenções, como se o artista fosse capaz de levantar o véu da suposta realidade e enxergar efetivamente os mestres dos marionetes, as engrenagens que orquestram e regem as nossas banais vidas. O conteúdo inventivo de suas publicações impressas, por um lado, é bem humorado, cômico; por outro, os fios que acabam coincidindo com fatos fazem com que encontremos paralelos assustadores com as insanidades paradoxais que acontecem no Brasil.

Guerreiro do Divino Amor é um artista suíço-brasileiro mestre em arquitetura. Sua obra foi exibida em várias mostras e festivais nacionais e internacionais, além de ter sido finalista do Grande Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro 2009, com seu trabalho “Clube da Criança” (2008), vencedor do prêmio de melhor curta documentário no Transgender Film Festival de 2015 de Kiel, na Alemanha, finalista na Bienal da Imagem em Movimento de Genebra, em 2016 e duas vezes finalista dos Swiss Art Awards (prêmio paralelo à Art Basel). Guerreiro Divino do Amor já participou de exposições na Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre), na casa França-Brasil (Rio de Janeiro), na galeria Gentil Carioca (Rio de Janeiro), MAR (Rio de Janeiro) e no Centro de Arte Contemporânea de Vilnius (Lituânia). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

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