Marcia Beatriz Granero

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Vídeos e fotografias são recorrentemente a materialização final das obras de Marcia Beatriz Granero. No entanto, seu trabalho reside, central e essencialmente, na performance de uma complexa personagem criada e incorporada pela própria artista – um tipo de alter-ego chamada Jaque Jolene, que protagoniza espécies de curtas-metragens que narram as mais estranhas, surreais e decadentes situações.

Como uma versão tropical-tupiniquim de uma mistura entre Jackie Kennedy, Audrey Hepburn e Narcisa Tamborindeguy, Jolene está sempre de óculos escuros oversized, jóias, vestindo roupas vintage e lidando com o tédio e as angústias da vida por meio de pílulas, investigações, serums, viagens e poções. As histórias que interpreta, sem começo ou fim precisos, são marcadas por certo suspense, mistérios inexplicados, e desenrolam-se de maneira instigante, valendo-se de recursos cinematográficos típicos da indústria hollywoodiana. Jolene também insiste em explorar espaços culturais, tendo realizado vídeos na Pinacoteca de São Paulo, no Paço das Artes, no Instituto Tomie Ohtake, entre outras instituições. Para cada lugar que Granero decide eleger como pano de fundo e personagem coadjuvante de seus curtos filmes, a artista inventa também enredos absurdos que misturam história, ciência e celebridade.

Em trabalhos como Lacuna, por exemplo, Jolene explora a inusitada associação de indústria farmacêutica e centro cultural no complexo da Aché, onde fica o Instituto Tomie Ohtake. Em Minada, no antigo prédio do Paço das Artes, na Cidade Universitária, Jolene tenta desvendar um mistério ao mesmo tempo que comenta a transformação do espaço em fábrica de vacinas do Instituto Butantã, com direito a cobras e microscópios. E na Pinacoteca, em Von Suttner Salad, a personagem volta no tempo para provar a teoria da relatividade, de Albert Einstein – tudo isso roteirizado, editado e finalizado com produção primorosa, trilha sonora perfeita e acabamento impecável, como uma estrela de cinema merece.

Marcia Beatriz Granero nasceu em São Paulo em 1982. É formada pela Belas Artes. Já realizou individuais, como: Súbita, parte do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo (2013); Phantom, Phosphorus (2014); Minada, Temporada de Projetos no Paço das Artes (2015). Também fez parte de diversas coletivas, incluindo Quadro, desquadro, requadro, no Instituto Tomie Ohtake (2016). Participou de residências artísticas em Londres, Coimbra e Madri. Em 2018, Darling Pearls & Co convidou a artista para a residência no Darling’s Attic, durante a qual Granero produziu um novo corpo de trabalho como parte de sua primeira individual no Reino Unido.

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