5 artistas contemporâneos palestinos que refletem sobre a situação em seu território

Conheça artistas que utilizam seus trabalhos para levantar discussões acerca de despovoamento, território, conflitos, refúgio e identidade, dentre outros; denunciando os abusos sofridos pelo povo palestino

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Nunca é trivial falar da arte como forma de resistência. Nas últimas semanas, conflitos entre Israel e Palestina eclodiram após o Estado israelense ameaçar despejar palestinos que vivem no bairro de Sheikh Jarrah para instalar colonos israelenses. Esse cenário desencadeou um novo conflito armado, bastante violento e com rápida escalada, entre israelenses e palestinos, que deixaram 232 palestinos e 12 israelenses mortos, segundo dados levantados pela Associated France Presse (AFP). Os ataques foram encerrados na sexta-feira, com um cessar fogo mútuo que teve mediação do Egito.

Os conflitos entre Israel e Palestina duram décadas e não devem acabar tão cedo. As consequências desses conflitos geraram várias respostas artísticas ao longo dos anos, como forma de resistir e de cobrar as autoridades sobre uma solução, especialmente do lado palestino, que tem sua população sitiada em espaços cada vez menores e com vários de seus direitos cerceados sob controle do Estado israelense. Artistas como Banksy, JR e até Sebastião Salgado já se expressaram tendo a situação na região como referência.

Na última semana, o ARTNews publicou texto no qual citou o papel do mundo da arte no apoio às vítimas dos embates recentes. O texto pontuou as iniciativas tomadas pelo artista jordaniano Lawrence Abu Hamdan, vencedor do Turner Prize, e também do coletivo Strike MoMA, que denunciou “supostas ligações entre as forças militares israelenses e membros do conselho [do museu], como Leon Black e Larry Fink”. Artistas se uniram, ainda, para ajudar as mais de 91.000 pessoas que se viram obrigadas a deixar suas casas nesse período, segundo dados da agência humanitária da ONU.

Trazemos aqui, agora, uma lista para você conhecer 5 artistas de origem palestina que discutem esses conflitos, levantando questões acerca de despovoamento, território, refúgio e identidade, dentre outros; buscando documentar e denunciar os abusos sofridos pelo povo palestino.

Nidaa Badwan

Buscando se isolar das dificuldades de viver em um local sitiado, a artista Nidaa Badwan se trancou em seu quarto por 14 meses. Isso porque os centros culturais e espaços expositivos da região foram todos fechados por causa dos conflitos. A artista decidiu pedir permissão para deixar Gaza, pois poderia produzir e exibir seus trabalhos em outro lugar, mas seu pedido foi negado por Israel. Como forma de protesto, se exilou em seu próprio quarto e, nesse período, realizou a série 100 Days of Solitude, fazendo referência a Gabriel Garcia Márquez.

Mona Hatoum

Uma das artistas mais importantes da região do Oriente Médio, Mona nasceu em uma família de origem palestina que se refugiou em Beirute, no Líbano, e passou a viver em Londres desde 1975, quando se iniciou a guerra civil libanesa em 1975. Seus trabalhos bastante conceituais, poéticos e às vezes um tanto radicais trabalham temas como a casa e o deslocamento, além de expor as contradições e conflitos do mundo. Em trabalhos como Present Tense e Drowning Sorrows, a artista trabalha questões como a identidade, o território e o lar.

Emily Jacir

Nos conflitos que eclodiram na última semana entre Israel e Palestina, o centro cultural Dar Yusuf Nasri Jacir for Art and Research, fundado pela artista Emily Jacir foi bastante danificado por um bombardeio realizado pelas forças israelenses na região de West Bank, em Belém. A artista, que recebeu o Leão de Ouro na 52ª Bienal de Veneza, vive entre Ramallah e Nova Iorque, e utiliza sua voz para denunciar os abusos sofridos pelo povo palestino. Como na obra Memorial to 418 Palestinian Villages Which Were Destroyed, de 2001, na qual remonta uma tenda de refugiados, bastante rústica, para fazer referência ao despovoamento da Palestina em um contexto histórico e contemporâneo, à expulsão de famílias palestinas de suas casas. Essas tendas de refugiados são facilmente vistas nos campos de Gaza, onde tanques e escavadeiras israelenses demolem regularmente as casas palestinas.

Tayseer Barakat

Artista palestino notável, Tayseer teve destaque na Bienal de São Paulo, em 1996. Ele já trabalhou com diversas mídias e fez muitas experimentações, mas é mais conhecido por suas pinturas nas quais evoca inspirações do passado antigo e das tradições orais e narrativas culturais ligadas à vida na Palestina. Esse seu instinto em preservar essas tradições são também uma forma de resistência, na busca por não deixar que a cultura palestina seja apagada à medida que sua população vai sendo encurralada. Suas pinturas sempre possuem tons escuros. De acordo com o artista, esses tons “refletem as adversidades de nosso tempo e de nossa vida presente”.

Khaled Hourani

Artista que iniciou projetos importantíssimos relacionados à arte na Palestina, como o Picasso in Palestine, Hourani foi também Diretor Artístico e Diretor Geral da Academia Internacional de Arte da Palestina. Ele também trabalhou como Diretor Geral do Departamento de Belas Artes do Ministério da Cultura da Palestina. Além disso, ele tem um eminente trabalho como curador e crítico. Em sua série Unnatural Landscape, o artista retrata torres militares e muros altos, fazendo referência ao Muro da Cisjordânia, uma barreira de 760 km que Israel tem construído para isolar o povo palestino, e que passa ao redor e dentro dos territórios palestinos.

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