9 exposições para ver na reabertura cultural de Paris

Cidade Luz já tinha recebido autorização para reabrir estabelecimentos comerciais, mas atividades culturais em museus e galerias só puderam ser retomadas nesta semana

A capital francesa finalmente está reabrindo seus museus, galerias e centros culturais depois de 203 dias fechados, desde outubro do ano passado. Mesmo com uma reabertura de algumas atividades comerciais, Paris demorou algum tempo para receber autorização para o funcionamento de atividades culturais. A demora desencadeou, inclusive, diversos protestos de trabalhadores da cultura que estão passando dificuldades em tempos de pandemia. Associações de museus e galerias comerciais fizeram petições e enviaram cartas ao presidente Emmanuel Macron exigindo mais transparência sobre os cronogramas de desconfinamento.

A longa e agonizante espera foi bastante cautelosa, mas agora até teatros, cinemas e salas de concerto poderão reabrir, segundo restrições de capacidade limitada. Na França, uma porcentagem de cerca de 14% da população já foi completamente vacinada e o país anunciou vacinação em massa para todos os adultos a partir do dia 15 de junho. Este calendário prevê que o país terá sua volta à normalidade no dia 1º de julho.

As medidas de segurança adotadas pelos espaços culturais para conter a disseminação do vírus continuam, sem haver relaxamento. Uso de máscara e distanciamento social são exigências para voltar a frequentar os locais. Em alguns, o agendamento ou a compra de ingresso pela internet também são obrigatórios.

Confira abaixo 9 exposições para visitar, com segurança, se estiver em Paris.

Sarah Sze:, Night into Day, na Fondation Cartier pour l’art contemporain.

Esta é a segunda exposição que a artista nascida em Boston realiza na Fondation Cartier pour l’art contemporain. Nesta mostra, ela apresenta uma instalação imersiva e muito envolvente que transforma a experiência do visitante do edifício de vidro de Jean Nouvel em algo bastante espetacular. A mostra já deveria ter sido encerrada de acordo com o calendário da instituição, mas está sendo prorrogada por mais uma semana, até 30 de maio.

Landscape of geometry, na Galeria Kamel Mennour.


De 22 de maio a 19 de junho, a kamel mennour abrirá em Paris uma exposição cujo conceito trabalha com uma seleção de obras que questionam a ideia de paisagem romântica. Essa é uma concepção bastante parecida com o que a galeria apresentou na TEFAF Maastricht em 2020. São apresentadas obras de artistas bastante renomados, como Daniel Buren, Ann Veronica Janssens, Anish Kapoor, Bertrand Lavier, Lee Ufan, François Morellet e Ugo Rondinone.

Yan Pei-Ming: Autoportraits, na Thaddaeus Ropac.

Até 31 de julho, a galeria realiza uma exposição com obras de uma nova série do pintor chinês Yan Pei-Ming. Nessas pinturas, ele explora autorretratos e naturezas mortas carregados emocionalmente com os sentimentos de constrição e solidão que foram vividos durante o confinamento do artista. Ele examina também os conflitos internos sem precedentes da época atual, de uma forma que é íntima e individual, enquanto também considera a sociedade em geral.

Magritte / Renoir. Le surréalisme en plein soleil, no musée de l’Orangerie.

A primeira exposição a mostrar um capítulo ainda amplamente desconhecido da obra de Magritte em sua totalidade, comparando suas obras com as de Auguste Renoir, que o inspirou. Em cartaz até 19 de julho, ela mostra um período em que Magritte estava convencido de que a derrota das tropas alemãs em Stalingrado anunciava a derrota final da Alemanha nazista e a aproximação do fim do conflito mundial. Ele se via como um profeta da felicidade e do retorno da paz.

Magritte foi fiel a este estilo “solar” até 1947, e produziu cerca de cinquenta pinturas, além de guaches e um número considerável de desenhos – ilustrando Sade, G. Bataille, Éluard e Lautréamont. Em outubro de 1946, enviou a André Breton o seu manifesto “Surrealism in Full Sunlight“. A rejeição total de André Breton a este programa de renovação do Surrealismo levou Magritte a “liquidar” o “Período Renoir” em uma explosão provocativa e cínica, extravagantemente exuberante, que, em 1948, tomou a forma de seu “Période Vache”.

“Carte blanche” to Anne Imhof, Natures Mortes
, no Palais de Tokyo.

Nesta exposição, a artista to Anne Imhof, que recebeu o Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2017, toma conta de todo o Palais de Tokyo para criar uma obra polifônica abrangente. Aqui, ela funde espaço e corpos, música e pintura, e suas próprias obras com as de cúmplices, principalmente da artista e compositora musical Eliza Douglas, e de trinta artistas convidados: Alvin Baltrop, Mohamed Bourouissa, Eugène Delacroix, Trisha Donnelly, Eliza Douglas, Cyprien Gaillard, Théodore Géricault, David Hammons, Eva Hesse, Mike Kelley, Jutta Koether, Klara Lidén, Joan Mitchell, Oscar Murillo, Eadweard Muybridge, Cady Noland, Precious Okoyomon, Francis Picabia, Giovanni Battista Piranesi, Sigmar Polke, Paul B. Preciado, Bunny Rogers, Sturtevant, Yung Tatu, Paul Thek, Wolfgang Tillmans, Rosemarie Trockel, Cy Twombly, Adrián Villar Rojas. A mostra abre no dia 22 de maio e se estende até 24 de outubro.

AFRICA REBORN: African aesthetics in contemporary art, no musée de quai Branly

Em 1984, no MoMA de Nova York, a exposição Primitivism exibiu mais de 200 obras da África, Oceania e Américas ao lado de obras de Picasso, Matisse, Nolde e Giacometti. Ao fazê-lo, posicionou as artes não ocidentais como um contraponto aos vanguardistas ocidentais, a quem se atribui o estatuto de obras de arte. Esse foi o ponto de partida para Philippe Dagen, curador da exposição Africa Reborn, que começa por lembrar aos visitantes que o uso do termo ‘primitivo’ permanece indissociável da colonização da África e da apropriação pelo Ocidente do que há muito chamou de ‘arte negra’ e reduzida ao belo uso das formas sem buscar entender o significado e os símbolos dessa arte.

Através de um caminho que explora a criação contemporânea em todas as suas formas, a exposição examina as relações entre a arte de hoje e as antigas artes africanas. Que memória comum existe nos trabalhos realizados nos estúdios de Annette Messager, Jean-Michel Basquiat, Chéri Samba, Alun Be, Théo Mercier ou Emo de Medeiros? O que se tornaram as referências africanas já clássicas no mundo do consumo visual globalizado? Como eles voltaram à vida? Que significados políticos ou sociais eles carregam quando revividos por Myriam Mihindou, Kader Attia, Romuald Hazoumé ou Pascale Marthine Tayou, que fizeram novas obras de arte para Africa Reborn?

Girault de Prangey: Photographer (1804-1892), no Musée d’Orsay 

Prorrogada até o dia 11 de julho, esta exposição revela que, a partir da década de 1850, Girault de Prangey desenvolveu um rico corpus de fotografias em papel de amplitude e qualidade insuspeitadas. Assim, apresenta uma visão nova e mais completa do grande fotógrafo que ele foi das décadas de 1840 a 1870, uma visão apenas parcialmente refletida em seus daguerreótipos espetaculares. São cerca de cem daguerreótipos, juntamente com cerca de cinquenta fotografias, pinturas, desenhos, litografias e livros ilustrados recentemente descobertos e até então inéditos em papel de Girault de Prangey, comparando-os com as obras dos seus contemporâneos. Este corpo de trabalho será analisado no contexto da França das décadas de 1830 a 1880 – artístico e arqueológico – e no contexto do boom de publicações científicas ilustradas e do crescimento de sociedades intelectuais sobre arqueologia e horticultura, a fim de dar um decididamente uma nova visão sobre a personalidade de Girault de Prangey e seu desenvolvimento como artista e fotógrafo.

Édition Limité: Vollard, Petiet et l’estampe de maîtres, no Petit Palais

Nesta exposição, o Petit Palais explora o trabalho do famoso negociante de arte Ambroise Vollard como um editor de impressos e livros ilustrados. Vollard trabalhou com os maiores artistas de sua época: Picasso, Bonnard, Cassatt, Chagall, Maillol, Redon, Rouault, para citar alguns. Apaixonado por gravuras, ele investiu a maior parte da fortuna que ganhou vendendo pinturas de mestres da arte moderna, levando-a a novos e sem precedentes níveis.
A exposição também é uma oportunidade para evocar o nome de Henri Marie Petiet, o sucessor de Vollard e uma figura importante no comércio de impressão do pós-guerra. A exposição, portanto, paga dupla homenagem aos papéis desses dois negociantes de arte e editores.

Michael Schmidt: Une autre photographie allemande, no Jeu de Paume

De 8 de junho a 29 de outubro, o Jeu de Paume apresenta uma comemoração ao 75º aniversário do nascimento de Michael Schmidt, com uma grande retrospectiva do artista, considerado um dos principais pilares da história da arte alemã do século XX.

Esta exposição apresentará originais, impressões de trabalhos inéditos, projetos de livros e outros arquivos que ilustram a evolução do seu trabalho artístico. Ela também irá destacar o processo de reconhecimento da fotografia como forma de expressão artística na Alemanha e na Europa a partir dos anos 1970.

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