A arte da instrução: 4 artistas que você precisa conhecer

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A produção contemporânea é marcada pela variedade de meios e suportes, temas e pesquisas empregadas pelos artistas. Um dos aspectos inovadores que surge entre os anos 1960 e 1970 é a remoção da mão do artista, que não precisa mais manualmente manipular os materiais mas sim instruir a produção da obra. Levando isso ao extremo, alguns artistas contemporâneos passaram a produzir apenas as instruções, deixando a execução do trabalho a cargo da instituição ou do colecionador. O ARTEQUEACONTECE selecionou 4 artistas que criam manuais e instruções que você precisa conhecer!

 

 

Sol LeWitt

No final dos anos 60, o pioneiro da arte conceitual Sol LeWitt estava focado em instalações e desenhos que foram encarnados pela sua linguagem e pelas mãos de outros artistas e desenhistas. Eles eram épicos, Minimalista, peças orientadas para a geometria como essa, Wall Drawing #65: “Linhas não curtas, não retas, cruzando e tocando, desenhadas ao acaso, usando quatro cores, uniformemente dispersas com máxima densidade, cobrindo toda a superfície da parede.” Outras instruções seguiam assim: “Em uma parede, um triângulo dentro de um retângulo, cada um com camadas quebradas de cor” e “Figura isométrica dentro da qual estão linhas pretas de 8cm de largura em três direções.”

 

 

Yoko Ono

Yoko Ono já era uma artista reconhecida internacionalmente quando começou seu relacionamento com um dos músicos mais famosos do mundo, John Lennon. Alguns fãs dos Beatles culpam a cantora e artista pela dissolução da banda, mas isso não vem ao caso. Ono produz desde a década de 1950 uma série de trabalhos que se constituem como instruções curtas e diretas. Intituladas de “peças” ou pieces, as obras muitas vezes eram nonsense e contavam apenas com a imaginação do público; outras demandavam gestos ativos, como pregar um prego sobre um espelho ou subir em uma escada. Voice Piece, for Soprano, por exemplo, instrui o espectador a: “Grite. 1. Contra o vento 2. Contra a parede 3. Contra o céu”.

 

Felix Gonzalez-Torres

Untitled (Go-Go Dancing Platform), de 1991, é um trabalho do artista cubano, radicado em Nova York, Felix González-Torres. Nele, um homem semi-nu usa fones de ouvido e dança sobre uma plataforma azul decorada com lâmpadas halógenas – uma espécie de pódio minimalista que recebe exibições de pelo menos cinco minutos por dia. Primeiramente mostrado na exposição ‘Every Week There Is Something Different’ (1991, Andrea Rosen Gallery, Nova York), Go-go Dancing Plataform é representativa da lógica do artista – seus trabalhos podem ser reproduzidos em diversos contextos e tempos. Mesmo após sua morte, obras que podem ser levadas pelo público continuaram a ser produzidas a partir das instruções deixadas pelo artista.

 

Tino Sehgal

Tino Sehgal é um artista inglês de origem indiana e alemã. Hoje vivendo e trabalhando em Berlim, Sehgal é conhecido por criar o que chamou de “situações construídas”. Tendo um background de dança e economia, seu primeiro trabalho foi uma série de coreografias que homenageavam grandes nomes da dança, como Vaslav Nijinsky, Pina Bausch, Martha Wigman, Merce Cunningham, entre outros. For This is good (2001) é uma de suas primeiras obras a figurar em um museu: um segurança das salas expositivas é instruído a mexer seus braços e pernas, pulando de uma para outra, enquanto recita o título da obra, sua autoria e o ano de criação. A situação inusitada surpreendia o público e criava possibilidades de interação que quebravam a separação entre espectador e obra. Suas situações vem ficando cada vez mais complexas, com grandes performances sendo realizadas na Tate Modern, no Stedelijk Museum, na Pinacoteca de São Paulo e no Palais de Tokyo.

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