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“Há muito tempo eu pensava em ter esse personagem, a Tarsilinha”, comenta Tarsilinha do Amaral, sobrinha da célebre pintora modernista brasileira, sobre o andamento do filme Tarsilinha, que se desenvolve a partir da inspiração em sua tia. A produção, capitaneada pela produtora Pinguim Content, famosa por trabalhos como O Peixonauta e O Show da Luna, traz as aventuras de uma menina de 8 anos que se joga em uma aventura bastante entusiasmante, tendo como cenários obras de Tarsila.
São em espaços como os que estão retratados em telas como A Lua e A Cuca que a pequena e tímida Tarsilinha adentra para tentar de alguma forma recuperar as lembranças que foram roubadas de sua mãe. Nele, os personagens dos quadros em tinta e dos desenhos de Tarsila também ganham vida, tornando-se aqueles seres com os quais a pequena contracena na aventura. Assim, ela faz amizade com o Saci, que a carrega em seu redemoinho, e foge da Cuca, que a amedronta bastante!
Fruto de uma vontade que vem se desenvolvendo há mais ou menos 12 anos, como explica Tarsilinha (a sobrinha-neta), o longa-metragem de animação que mistura 2D e 3D teve que ter sua estreia adiada por causa da pandemia. O tempo fez muito bem ao filme, pois permitiu que ele fosse agregando elementos que foram surgindo com as novas tecnologias que foram ficando disponíveis no audiovisual nos últimos anos, explica a sobrinha-neta. Era pra ser lançado no primeiro semestre de 2020 nos cinemas, mas a pandemia retardou os planos. Esse atraso serviu para que o longa fosse aprimorado. Agora, ele passa por uma nova mixagem, por exemplo.
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Com toda a estruturação para a promoção do filme sendo cancelada por causa da crise sanitária que se alastrou pelo mundo, a produtora optou por lançar um clipe-teaser com a música tema do filme em novembro. “É como se fosse um esquenta. Fizemos um lançamento digital orgânico”, conta o diretor Kiko Mistrorigo, que dirige o filme junto à Celia Catunda, irmã da artista Leda Catunda.
A música foi composta pelo músico Zeca Baleiro e é cantada pelo próprio junto à Ná Ozzetti. No texto que acompanha o lançamento da canção, Baleiro explica: “A canção fala da travessia da personagem Tarsilinha por um mundo desconhecido, algo como uma realidade paralela, cheia de perigos e ameaças. Como em toda fábula, essa viagem é uma história de descoberta e autoconhecimento. A música é um baião bem brasileiro com uma pequena alusão à obra de Villa-Lobos”.
Apesar de terem tido conversas com empresas de streaming para lançar o longa em alguma plataforma digital, como a Netflix, os planos de um lançamento nas telonas ainda pareceu melhor para os realizadores, mesmo que demore mais um pouco. “Estamos fazendo um filme para estimular as pessoas a conhecerem o movimento modernista, a busca da identidade, toda a preocupação dos anos 20 e 30 no Brasil”, conta Kiko. Segundo o diretor, o filme traz todo o contexto da época, como a questão da antropofagia, mas não tem o objetivo de ser um filme biográfico e nem histórico, é um filme de aventura, sendo um entretenimento que abarca os conceitos do movimento.
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Para dar ainda mais movimento nessa aventura, foram utilizadas animações em 2D no início do filme, mas assim que o plot twist, ou seja a reviravolta da trama, acontece isso dá lugar a animações em 3D, trabalhando as dimensões dos elementos dos quadros mais famosos de Tarsila do Amaral, como o Abaporu. “Esse período da Tarsila que é o mais conhecido é mais volumétrico, ele é bastante 3D”, explica Kiko.
Aliás, apesar de ser uma animação que acompanha a jornada de menina, o diretor garante que Tarsilinha não é um filme infantil. Esse estigma de que animação é coisa apenas de criança é algo bem forte ainda no Brasil: “Animação é uma linguagem, um gênero”. O longa é feito para atingir toda a família, desde os mais pequenos aos mais velhos, convidado a todos para compreender o universo da personagem Tarsilinha – e, por que não?, o de Tarsila.
De acordo com Kiko, a previsão é que o filme seja lançado no próximo semestre, caso a população já esteja imunizada com a vacina contra a Covid-19. Assim, o filme poderá ser exibido exibido nos cinemas e também ter projeções ao ar livre, como em parques. Também são pensadas atividades integradas às exibições, como conversas com os espectadores. Os realizadores também pretendem levar o filme para uma série de festivais, percorrendo os principais que acontecem no Brasil e também internacionais, como os que acontecem em Veneza e em Clermont-Ferrand.