Castiel Vitorino Brasileiro cria instalação em Nova York

Em “Eclipse”, a artista cria um ambiente para instigar processos de cura e autoconhecimento no Hessel Museum of Art

Tempo de leitura estimado: 3 minutos
Castiel Vitorino Brasileiro
Castiel Vitorino Brasileiro

Desde 2015, Castiel Vitorino Brasileiro tem entrelaçado espiritualidade bantu-brasileira, psicologia e arte com o objetivo de criar ferramentas, instalações e práticas de cura para aqueles feridos pela categorização arbitrária de pessoas por raça, gênero, local de nascimento e outras identidades fixas – um  procedimento colonial fundamental usado para proteger as estruturas de poder que se tornaram globalmente hegemônicas na era moderna. Combinando a prática de psicóloga e seus estudos sobre a cosmovisão bantu de seus ancestrais na costa atlântica da África Central, a artista cria obras e textos que entendem a cura como um estado provisório de alinhamento entre as inúmeras vidas que simultaneamente compõem uma pessoa.

Eclipse é uma instalação imersiva comissionada pelo curador Bernardo Mosqueira, para o Hessel Museum of Art, em Nova York. O trabalho nasce de materiais espiritualmente ativos – como solo, sal, carvão, tecido, pedra, água e luz – que desenham uma mandala, forma que faz referência a dikenga, o cosmograma Bantu-Kongo. Emblema de continuidade espiritual, dikenga simboliza o movimento em espiral do tempo e representa a vida como uma série de mortes e renascimentos contínuos.

De acordo com a visão de mundo Bantu, os humanos podem caminhar horizontalmente (em direção aos desafios do mundo – para frente, para trás, esquerda e direita) e verticalmente (pensando, raciocinando – para cima, para baixo e para o centro). Grande parte do sofrimento para o ser humano vem da falta de conhecimento de como caminhar para a dimensão interior, único movimento que permite que uma pessoa conheça seu próprio âmago, tornando-se, assim, seu próprio mestre e alcance o poder da autocura. 

Castiel Vitorino Brasileiro
Castiel Vitorino Brasileiro

Eclipse nos atrai para caminhar em direção ao centro luminoso de um espaço escuro. No centro desse trabalho, Vitorino Brasileiro colocou um espelho d’água no qual vemos o reflexo de uma sereia que, nadando com o sol, a lua, o mar e o ar. Localizando-se como uma sereia no centro de seu Eclipse, Castiel nos inspira a mergulhar para encontrar nossos próprios interiores através da imaginação radical de nós mesmos.

Um eclipse é uma quebra que ocorre na linearidade da lua ou do ciclo solar.“Sol” é uma palavra masculina e “lua” é feminina. Portanto, a obra é também um símbolo para todas as formas de viver que contradizem inevitavelmente o sistema de identidades impostas pela colonialidade.Em Eclipse, você é convidado a sentir este espaço e a se conduzir a estados corporais desconhecidos – ao seu próprio estado de cura de eclipse.

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