Saiba mais sobre obras presentes em Dark e artistas que dialogam com a série

Série da Netflix alemã e artes plásticas se encontram na busca por teorias sobre tempo e espaço

Tempo de leitura estimado: 6 minutos
A queda dos condenados
A queda dos condenados

Você também é fã de Dark ? Se você não viu, trata-se de série alemã de suspense e ficção científica que foi eleita em votação popular no site Rotten Tomatoes como a melhor série original da Netflix. A série se passa na cidade de Winden, na Alemanha, que sofre o impacto do desaparecimento de uma criança, que expõe os segredos e as conexões ocultas entre quatro famílias locais, enquanto elas lentamente desvendam uma sinistra conspiração de viagem no tempo que abrange várias gerações. Se você já viu…sabe que tudo parece confuso, mas para quem está acostumado a ver exposição de arte, pode ser bem simples! 

Logo na primeira temporada da série,  que começa no ateliê de Michael Kahnwald, aparece uma pintura barroca alemã hipnotizante: A Queda dos condenados, de Peter Paul Rubens. Também chamada de A Queda dos Anjos Rebeldes, a pintura criada pelo artista alemão em 1620 representa corpos de condenados, lançados no abismo pelo arcanjo Miguel que lidera os exércitos de Deus contra as forças do diabo. Aí já temos uma dica sobre os papéis dos personagens da série: Miguel pode ser representado por Mikkel/Michael.

Adão e Eva, de Lucas Cranach the Elder
Adão e Eva, de Lucas Cranach the Elder

Na terceira temporada, outra obra de arte ganha protagonismo. São, na verdade, duas pinturas do Renascimento alemão: Lucas Cranach the Elder retratou sua versão de Adão e Eva em 1528. As suas obras-primas foram confiscadas pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial e a propriedade dos trabalhos foi questionada por 10 anos: Marei von Saher alegou que as pinturas foram apreendidas de seu sogro, o marchand judeu Jacques Goudstikker, depois que sua família fugiu da Holanda durante o Holocausto. No entanto, em  junho deste ano, decidiu-se que elas devem ficar no Norton Simon Museum, na Califórnia – museu que as acolhe há 30 anos. 

Como você pode ver existem muitas referências bíblicas no seriado e cada detalhe delas diz muito sobre os personagens o que deixa todo mundo louco mesmo são as sucessivas viagens no tempo e cruzamento de gerações que dá um nó na cabeça de qualquer um. Pensando nisso, fizemos uma seleção de obras e artistas que abordam a questão. 

Relíquias do futuro, de Daniel Arsham
Relíquias do futuro, de Daniel Arsham
Relíquia do futuro, de Daniel Arsham
Relíquia do futuro, de Daniel Arsham

Daniel Arsham nasceu e cresceu em Miami e seu trabalho é muito afetado por uma experiência única: ele sobreviveu ao Furacão Andrew. Por isso, o artista está sempre questionando como será a arqueologia do nosso presente…no futuro. Deu um nó louco, ne? Explicamos: ele se apropria de elementos do presente que ficarão obsoletos no futuro. Suas esculturas são como fósseis desses objetos…ele já fez até o Pokemon!  

Jorge Macchi
Jorge Macchi
Jorge Macchi
Jorge Macchi

Outro artista que vale ressaltar é o argentino Jorge Macchi.  Para quem nãos sabe, foi ele que fez aquela piscina-obra deliciosa em Inhotim! Já mergulhou lá? Vale a pena. Macchi pesquisa a impermanência do tempo, a memória e situações efêmeras no presente, mas que adquirem força e corpo através da história. Ele associa a memória ao tempo passado, mas também àquilo que se desvanece. 

Time square, de Angela Detanico e Rafael Lain
Time square, de Angela Detanico e Rafael Lain

Angela Detanico e Rafael Lain adotam a própria linguagem como tema e objeto de seus trabalhos questionando os sistemas de representação do mundo. Costumam apresentar uma nova versão das coisas a partir de códigos próprios de percepção –  subvertendo as convenções das linguagens cotidianas e atribuindo a elas novas camadas de significados. Na instalação Time square, os ponteiros dos quatro relógios aparecem em formação perpendicular, compondo um quadrado do tempo. Mas esse equilíbrio só pode ser percebido durante um tempo efêmero, suspenso e deslocado. Ou seja: a obra aponta para o tempo como elemento inseparável do espaço – só é possível compreender a ideia de tempo no espaço, e vice-versa. Em Dark, os personagens confrontam as  noções de tempo e espaço constantemente!

La persistencia de la memória, de Salvador Dali
La persistencia de la memória, de Salvador Dali

Na obra La persistencia de la memória, pintada em 1931, Salvador Dali mistura os elementos irreais – relógios derretidos – com imagens familiares aos olhos humanos, criando uma impressão de que eles realmente estão ali. Uma situação bem surreal, assim como alguns momentos da série! Sobre esse trabalho o artista declarou,  “Toda a minha ambição no campo pictórico é materializar as imagens da irracionalidade concreta com a mais imperialista fúria da precisão”.  O Jonas entenderia o artista! 

René Magritte
René Magritte

E por falar em surrealismo, vale ressaltar aqui que René Magritte pintou, em 1938, a tela La Durée poignardée. Nesta tela, o artista francês representou uma visão de uma sala composta por uma lareira e um espelho. Em cima da lareira há um relógio simbolizando o mistério do tempo; e, saindo dela, há uma locomotiva a vapor, “destruindo” a paz da sala e viajando através do tempo.  Certamente personagens como Claudia Tiedemann, Martha Nielsen e Hannah kahnwald subiriam nesse trem! 

El tiempo de las viejas, de Francisco Goya
El tiempo de las viejas, de Francisco Goya

Francisco Goya era um artista meio dark…no sentido de climão mesmo. Ele tinha o mesmo tom do seriado alemão. Na obra El tiempo de las viejas, de 1820, ele coloca  uma velha decrépita, com o corpo magro e abatido, no centro da cena. Ela se senta na companhia de outra senhora e segura nas mãos um pequeno medalhão que provavelmente preservar a imagem de si mesma quando ela era jovem e bonita. Lembrou da cena em que Martha encontra ela mesma 66 anos mais velha?

Ovo cósmico, de Regina Vater
Ovo cósmico, de Regina Vater

Presente nas mais diversas culturas e civilizações ancestrais como símbolo da vida e da origem do mundo, a figura do ovo tem significados especiais para a brasileira Regina Vater. Além de ser compreendida como uma manifestação física do tempo, de um determinado período de gestação, Regina viu nesse simbolismo uma “promessa de possibilidades”. A poesia visual Ovo cósmico, de 1980,se desenvolveu em um período em que a artista questionou-se sobre o tempo que dedicou à sua produção diante das pressões de um mercado de arte cada vez mais acelerado.

Knots Colour, de Maurits Cornelis Escher
Knots Colour, de Maurits Cornelis Escher

Jonas passa as três temporadas tentando desatar esse nó maluco entre famílias, gerações e tempos. Então, para finalizar essa lista, escolhemos a obra Knots Colour, pintada em 1965 por Maurits Cornelis Escher. Conhecido por criar efeitos de ilusões ópticas e por representar construções impossíveis, Escher acabou criando um símbolo bem parecido ao do “Sic Mundus Creatus Est” – frase que aparece no portal dentro das cavernas de Winden. O termo acaba batizando a sociedade secreta de viajantes no tempo liderada por Adam, cujo objetivo central é provocar o Apocalipse marcado para 2020.

Sic Mundus Creatus Est
Sic Mundus Creatus Est
Apocalipse
Apocalipse
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