![zanele muholi](https://www.artequeacontece.com.br/wp-content/uploads/2021/11/zanele-muholi.jpeg)
1. Allied with Power: African and African Diaspora Art no PAMM
Idealizado pelo escritório suíço de arquitetura Herzog & de Meuron para abrigar a coleção do argentino-americano Jorge M. Pérez, o Pérez Art Museum Miami é parada obrigatória na cidade. Além de abrigar importantes exposições itinerantes, o museu apresenta diferentes recortes da própria coleção que conta com nomes como John Baldessari, Olafur Eliasson, Dan Flavin, Joseph Cornell, Kehinde Wiley, Frank Stella, Diego Rivera, Damian Ortega, Joaquín Torres-García e Beatriz González, entre outros.
Há alguns anos, inspirado por sua formação em vários países latino-americanos, Pérez começou a colecionar obras de artistas cubanos e afro-latinos há vários anos – recebendo duas importantes doações em 2011 e 2012 que somavam 500 novas obras à coleção permanente. Recentemente, ele expandiu esse foco para incluir artistas de toda a diáspora africana e o resultado desta pesquisa pode ser visto e celebrado na coletiva Allied with Power: African and African Diaspora Art.
![Elias Sime](https://www.artequeacontece.com.br/wp-content/uploads/2021/11/elias-sime-tightrope-57-2009-14.jpeg)
O resultado? Obras que incorporam diferentes possibilidades e complexidades diante de temas como representação, política, espiritualidade e raça. Dissolvendo fronteiras nacionais, os artistas da exposição aliam-se por meio de suas ancestralidades, representando um caleidoscópio de vozes que declaram sua autoridade. Entre os destaques estão Sonia Gomes, Nicholas Hlobo, Rashid Johnson, Isaac Julien, Arjan Martins, Zanele Muholi , Chéri Samba, Yinka Shonibare, Mickalene Thomas, Kara Walker, entre outros.
![María Magdalena Campos Pons](https://www.artequeacontece.com.br/wp-content/uploads/2021/11/campos-pons-maria-magadalena-finding-balance-3-3887ec49-5056-a36a-0b60b5492099496c-3894135f-5056-a36a-0b5b23fe590229e2.jpeg)
2.WITNESS: Afro Perspectives from the Jorge M. Pérez Collection, no El Espacio 23
Não satisfeito em expor sua coleção afro-diaspórica em Allied with Power, Jorge M. Pérez faz, esta ano, mais um statement decolonial ao convidar o curador zimbabuense Tandazani Dhlakama, curador assistente no Zeitz MOCAA, para idealizar uma coletiva no seu novo e badalado espaço expositivo, o El Espacio 23. WITNESS: Afro Perspectives from the Jorge M. Pérez Collection reúne mais de 100 obras de artistas africanos e da diáspora africana da coleção, abordando temas que giram em torno das ideias de opressão, trauma intergeracional, sincretismo, identidade e território.
O título da mostra é sugestivo: “Testemunhar é observar um ato, estar presente em um momento significativo. Pode envolver ver uma única transgressão, uma série de episódios cataclísmicos que imploram por interrogatório e introspecção. No entanto, também se pode testemunhar um instante regenerativo eufórico, um período de restituição”, explica o texto da mostra. Witness: Afro Perspectives convida os visitantes, portanto, a estarem presentes no momento atual e a testemunharem os desafios e traumas herdados por diferentes gerações.
Afinal, a experiência vivida pode ser carregada por muitas gerações e, nesse sentido, vale questionar o próprio conceito de “testemunha”. Ela pode estar implícita? Depende da proximidade e distância do assunto? Até que ponto o tempo e o espaço são intermediários, desafiando as fronteiras entre verdade, mito, imaginação e utopia? Será que a paisagem, a terra, é a testemunha mais objetiva de todos os tempos? É possível testemunhar, de forma palpável, a natureza cíclica da revolução, da crioulização e do deslocamento? Coletivamente, testemunhamos de diferentes pontos de vista. Para quem testemunhamos? Estes são alguns dos questionamentos sugeridos por Dhlakama ao selecionar as obras da mostra. Mas elas não serão necessariamente respondidas.
![Betye Saar: Serious Moonlight", no Institute of Contemporary Art](https://www.artequeacontece.com.br/wp-content/uploads/2021/11/76b8be01-installation-view-betye-saar-serious-moonlight-at-ica-miami-015-08-1024x683.jpeg)
3. Betye Saar: Serious Moonlight, no IAC
Ícone da arte feminista negra, Betye Saar apresenta uma exposição no ICA que reúne obras em escala íntima das décadas de 1960 e 1970 – pense nas montagem de readymades e objetos encontrados que pontuam questões sobre raça e gênero. Em obras como The Liberation of Aunt Jemima (1972), por exemplo, a artista adicionou um rifle e um punho levantado ao familiar emblema comercial estereotipado. A ideia é alterar os objetos encontrados comercialmente a fim de destacar e desmantelar imagens racializadas que permeiam nosso cotidiano.
A exposição abriga, ainda, uma importante pesquisa sobre as instalações imersivas raramente exibidas de 1980 a 1998 baseadas na história da diáspora africana e na experiência afro-americana para criar monumentos tangíveis e poderosos que influenciaram profundamente artistas como David Hammons, Maren Hassinger e Senga Nengudi.
Influenciadas por viagens de pesquisa ao Haiti, México e Nigéria realizadas pelo artista na década de 1970, essas obras envolventes exploram conceitos de ritual e comunidade por meio de símbolos culturais e referências autobiográficas. Em House of Fortune (1988), o visitante vai se deparar com uma cena sinistra com uma mesa de cartas de tarô e bandeiras de Vodu como se fosse uma meditação sobre espiritualidade. The Ritual Journey e Wings of Morning (ambos em 1992) abordam as tradições de morte e luto.
![Jannis Kounellis, Untitled, 1993,](https://www.artequeacontece.com.br/wp-content/uploads/2021/11/90cbce8fae6ab85f6a2a56ae3588ca5a-1024x703.jpeg)
4.Arte Povera, na The Margulies Collection
Um dos momentos mais importantes da História da Arte, a Arte Povera é homenageada pela The Margulies Collection cujas aquisições mais recentes foram pautadas pela cultura italiana do pós-guerra. Reunindo trabalhos de mestres como Alighiero Boetti, Pier Paolo Calzolari, Luciano Fabro, Jannis Kounellis, Giulio Paolini, Michelangelo Pistoletto, Mario Merz e Gilberto Zorio, a coletiva é uma ótima oportunidade para visualizar e compreender as motivaçòes e conceitos desenvolvidos pelo grupo apadrinhado por Germano Celant.
“Povera” é uma palavra italiana que significa “pobre” e o termo “Arte Povera” foi cunhado por Celant, na década de 1960, na Itália. Esse tipo de arte recebeu esse nome porque seus adeptos utilizavam materiais não-convencionais, orgânicos e, muitas vezes, precários como areia, pedras, jornais, cordas, feltro, terra e trapos. O uso dos materiais tem um objetivo claro: exprimir a poética da efemeridade, materialidade e espontaneidade.
O intuito era, também, “empobrecer” a obra e criticar a decadência da sociedade que se baseia no acúmulo de riquezas materiais.Trata-se, portanto, de uma crítica ao consumismo exagerado e dos processos industriais que marcavam a época.
Nesse sentido, os artistas da “Arte Povera” estavam bastante conectados com os que pesquisavam Performance e Land Art…todos buscavam formas alternativas de quebrar o sistema da arte que tratava a obra como um produto a ser publicitado com cunho fundamentalmente comercial. Também como na Land Art, os artistas da “Arte Povera” voltaram a atenção para as temáticas da natureza e seus derivados, rompendo com os processos e percepções industriais. Quer saber mais? Então visite a exposição.
![Anselm Kiefer](https://www.artequeacontece.com.br/wp-content/uploads/2021/11/anselm-kiefer-1024x605.jpeg)
5.Anselm Kiefer na The Margulies Collection
Kiefer é sempre Kiefer e sempre vale ver! A The Margulies Collection tem a maior coleção do artista dos EUA e quem visitar o museu essa semana também poderá conferir a mais nova aquisição da instituição: Leviathan und Behemoth, um trabalho fotográfico de seis metros. Um dos mais relevantes nomes do pós-guerra, Anselm Kiefer ficou conhecido pelas pinturas que misturam materiais como naturais como palha, cinza, argila e chumbo, tendo a fotofrafia como base para relatar, de forma bastante particular, a história alemã – marcada pelo horror do Holocausto – além de conceitos teológicos da cabala.
Pupilo do lendário Joseph Beuys, o artista desenvolveu um trabalho monumental e dramático, quase depressivo e destrutivo. Kiefer também tem uma forte conexão com a literatura: busca inspiração nos poemas de Paul Celan e usa escritos, personagens lendários ou lugares históricos em quase todas as suas pinturas.
![James Turrell](https://www.artequeacontece.com.br/wp-content/uploads/2021/11/superblue-james-turrell-bridgets-bardo-2009-c-james-turrell-photo-by-florian-holzherr-2-1428x1080-1-1024x774.jpeg)
6. James Turrel no Superblue Miami
“Meu trabalho é sobre o espaço e a luz que o habita. É sobre como você pode confrontar esse espaço.”, declarou o artista James Turrell. Se você visitar o Superblue Miami poderá experimentar e entender o que o artista quer dizer. Expoente do minimalismo americano, Turrell explora, desde os anos 1960, as formas de percepção e como o que é percebido afeta e forma a realidade vivida.
As instalações são criadas para aguçar o sentido da visão transformando o olhar para o que nos rodeia. É bastante conhecido pela série Skyspaces: espaços com um rasgo no teto e entrada de luz natural ou artificial ( geralmente colorida). Também é famoso por idealizar uma land art bastante esperada: Em 1979, Turrell adquiriu um vulcão no Arizona e, desde então, passou a mover toneladas de terra para construir túneis e aberturas que transformarão esta cratera em um enorme observatório a olho nu para a experiência de fenômenos celestes.
Para Miami, ele criou um túnel que termina num quadrado luminoso rosa – Bridget’s Bardo é uma experiência mágica que você não pode perder.
![Kika Carvalho](https://www.artequeacontece.com.br/wp-content/uploads/2021/11/kika-carvalho-brasao-2-51713986059-o-1024x1021.jpg)
7.”Just Breathe…”, no espaço pop up do The55project
Uma exposição só com artistas brasileiros sobre respeito, responsabilidade e coletividade. “Just Breathe…”, com curadoria de Felipe Hegg, promete mostrar uma nação consciente de que precisamos trabalhar juntos, respeitando a nossa própria pluralidade, para construir um futuro melhor.
Na série “Brasões”, Kika Carvalho pinta pipas que foram realmente confeccionadas e doadas para crianças no Morro da Piedade, em Vitória, onde a artista vive e trabalha, e demais localidades da cidade e país como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. As geometrias de cada pipa representam Exu e Yansan, entidades da Umbanda e Candomblé. Trata-se de uma tentativa de retomar símbolos do sagrado pertencentes ao movimento afro diaspórico que são afastados da população afro-brasileira, sobretudo das crianças. O trabalho acaba dando, ainda, visibilidade à cultura negra e propondo uma reconexão das crianças com sua ancestralidade. Entre os destaques da coletiva também estão Alice Quaresma, Mano Penalva, Marina Weffort, Rafael Baron e Regina Parra.