Arte Que AconteceArte Que Acontece
A psicoterapia institucional é uma prática psiquiátrica experimental que começou a ser desenvolvida na metade do século XX e que se centra na convicção de que, se queremos cuidar dos doentes, devemos primeiro cuidar do hospital – ou seja, nunca devemos isolar os transtornos mentais de seus contextos sociais e institucionais. Inspirando-se nessas práticas psiquiátricas e humanas revolucionárias que se baseiam no coletivo e na criação artística, esta exposição explora diferentes formas de transformar lugares de isolamento em lugares de proteção que possam oferecer refúgios da violência da sociedade.
Apresenta os filmes de François Pain, que documentou a vida na Clinique de la Borde e registrou as palavras de importantes praticantes da psicoterapia institucional, nomeadamente François Tosquelles, Jean Oury e Félix Guattari. Também reúne o trabalho de artistas, cuidadores e terapeutas que desenvolveram formas de prática artística coletiva em diversas estruturas ligadas à saúde mental, incluindo hospitais psiquiátricos, clínicas ambulatoriais e escolas de necessidades especiais. Esses experimentos, tanto passados quanto presentes, na França e além, mostram como a arte pode atuar como um catalisador para a emancipação, para a expressão de uma poesia vital e para uma forma ativa e crítica de construção comunitária.
Depois de exposições recentes na França sobre Fernand Deligny e François Tosquelles, o que se pode ganhar com uma reflexão adicional sobre essas práticas em um centro de arte contemporânea?
Esta exposição busca ampliar nossa compreensão das razões para fazer arte e das maneiras de fazê-la, bem como de sua importância social, política, psíquica e ética; permitir-nos compartilhar e animar coletivamente as motivações e o desejo de autoexpressão de pessoas para quem o ‘simples’ e o ‘cotidiano’ não são autoevidentes; sugerir como a psicoterapia institucional, embora tenha surgido inicialmente em um contexto psiquiátrico, poderia ser uma ferramenta, ou pelo menos um meio de pensar e agir, aplicável em outros lugares, que pode nos ajudar a nomear, analisar e combater formas de violência sistêmica que atravessam diferentes instituições e áreas da vida social.
