Arte Que AconteceArte Que Acontece
A Galeria Lisson celebra o 50º aniversário do pioneiro Cosmococas – Programa in Progress (1973) de Hélio Oiticica, com a apresentação de duas obras da série seminal. Desenvolvidas em colaboração com o cineasta brasileiro Neville D’Almeida, as instalações envolventes eram uma faceta essencial do que Oiticica chamava de “quase-cinemas”. Para comemorar o aniversário, a série será instalada ao longo do ano em cidades ao redor do mundo. Nascido no Rio de Janeiro em 1937, Oiticica foi um pensador prolífico e inquisitivo em sua curta vida. Explorando e expandindo modos artísticos formais e empurrando os limites das possibilidades de abstração, escultura, performance e cinema, ele investigou a arte experiencial, ambiental e instalações interativas. Sua prática inerentemente contracultural questionou o arraigado contexto social e institucional. Até sua morte prematura aos 42 anos, ele continuou a inventar novos modos de fazer arte e desafiar a experiência tradicional de apreciação da arte. Oiticica se envolveu na cena cultural libertadora e underground de Nova York na década de 1970, onde conheceu e colaborou com Neville D’Almeida para criar uma série de nove ambientes “supra-sensoriais”, que eles intitularam Bloco-Experimentos em COSMOCOCA – programa em progresso. Numerados de CC1 a CC9, os Cosmococas eram planos para instalações complexas que incorporavam projeções simultâneas de slides, trilhas sonoras, colchões, balões e outros materiais diversos, bem como conjuntos de instruções para os participantes criarem performances futuras públicas e privadas. Ao longo da série, os slides projetados apresentam capas de álbuns, recortes de jornais e fotografias de celebridades, incluindo Yoko Ono, John Cage, Marilyn Monroe, Luis Buñuel e Jimi Hendrix, entre outros. As imagens dos ícones da cultura pop são estratificadas sob desenhos em pigmento branco que os artistas fizeram usando cocaína como material bruto, ilustrando o conceito de construção de experiências sensoriais e a possibilidade de mudar a percepção do tempo.
