“Lisetta Carmi: Identities” na Estorick Collection

Neste outono, a Estorick Collection apresenta a primeira exposição em museu no Reino Unido do trabalho da inovadora fotógrafa Lisetta Carmi (1924-2022), cujas imagens estão atualmente recebendo uma renovada atenção. Sempre motivada por um espírito profundamente humanista, Carmi concentrou-se em setores marginalizados da sociedade, como a classe trabalhadora e as comunidades trans de sua cidade natal, Gênova.

Além de serem obras de arte impressionantes por si só, as imagens de Carmi também são importantes documentos sociopolíticos que exploram aspectos significativos, mas muitas vezes negligenciados, da vida e cultura italiana.

Nascida em uma família judia de classe média, Carmi foi forçada a deixar a escola como consequência das Leis Raciais introduzidas pelo regime fascista da Itália em 1938 e fugiu para a Suíça com sua família. Ela seguiu uma breve, mas bem-sucedida, carreira como pianista de concerto, mas em 1960 mudou abruptamente de direção e decidiu se dedicar à fotografia.

Carmi é mais conhecida por registrar com sensibilidade a vida da comunidade trans de Gênova durante a década de 1960. As fotografias que ela tirou resultaram em um volume altamente controverso de imagens que foi publicado em 1972 e se tornou um clássico cult. Esta exposição apresenta cerca de 30 dessas obras, incluindo também algumas imagens coloridas recentemente redescobertas na casa em Puglia onde Carmi se aposentou em 1979 para se dedicar à meditação iogue.

Grande parte da fotografia de Carmi abordou os problemas sociais associados ao trabalho e vivenciados pelas classes trabalhadoras. A exposição inclui fotografias de seus estudos do porto de Gênova, onde ela se passou por parente de um estivador para fotografar as duras condições enfrentadas pelos camalli (trabalhadores).

Ela também documentou a usina siderúrgica Italsider da cidade, destacando os perigos da produção industrial, e realizou várias visitas à Sardenha, onde fotografou as primeiras mulheres a serem empregadas na indústria de cortiça da ilha. Ela também visitou países como Israel, Venezuela, México, Índia e Afeganistão, dando voz, com suas imagens, àqueles que não a tinham.