A galeria Verve inaugura Ovo Cósmico, primeira exposição individual de Felippe Moraes em sua sede no Edifício Louvre, no próximo dia 25 de Novembro. Na mostra, o artista apresenta 16 obras inéditas, todas elas luminosas. Pela primeira vez, a sala expositiva será escurecida, a fim de proporcionar ao visitante uma experiência de “sentir-se flutuando no espaço para contemplar a infinitude e os ciclos dos corpos celestes”, como define o artista. Entre néons, instalações com espelhos e backlights com fotografias animadas, Moraes desdobra sua envolvente pesquisa sobre a música das esferas, alquimia e a ordem do cosmos em intrigantes propostas visuais e sensoriais.
Por meio de obras que vão da ciência ao ocultismo, o artista tensiona o limite entre as disciplinas do conhecimento para proporcionar uma situação imersiva e contemplativa. Na instalação Solaris Discotecum (2023), é criado um modelo do universo, com um grandioso globo espelhado ao centro fazendo as vezes do sol, girando lentamente em meio às 12 constelações do zodíaco. Também pela primeira vez, o artista utiliza Argônio na execução de suas obras luminosas, um gás nobre produzido no centro de estrelas massivas da galáxia. A representação gráfica das constelações é feita assim a partir do próprio material que emana das estrelas. No backlight Evento Celestial (2020-2023) o artista se utiliza de uma inovadora técnica de impressão, que confere movimento às imagens. Nela, é mostrada uma cena de frente ao sol que lança um feixe de luz em direção ao observador. A ação se repete todas as vezes que se passa diante da obra. Ali são borradas as fronteiras entre fotografia e cinema, luz natural e artificial, luminosidade gráfica e emitida. Em OROBORO (2023), Moraes transforma o palíndromo título da obra em um poema ilusionista. A palavra se refere ao símbolo alquímico da cobra que morde a própria cauda. O termo é escrito em néon e sua imagem é projetada sobre um espelho, transformando-a num círculo infinito que permite ler a palavra da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, típico exemplo das curiosas técnicas de encantamento ótico e conceitual proporcionadas pelas experimentações plásticas do artista.
Conforme descreve Moraes, “todas as obras da exposição são luminosas e circulares. São uma forma de fazer perguntas ancestrais, que se tornam novamente latentes e necessárias, de novas maneiras e do ponto de vista histórico de onde estamos agora. Falam da circularidade dos movimentos cósmicos, de tempos espiralares e do eterno retorno. Olhamos para o céu na tentativa de ver seu princípio, o ponto de partida, o Ovo Cósmico narrado por tantas tradições. É uma forma de observarmos os mistérios que nos dão a dimensão, ora da pequenez insignificante de nossas existências, ora da grandiloquência numinosa de nossas presenças.” , completa. Além de conceber as obras da mostra, Felippe Moraes também assina a expografia e o texto curatorial. Nesse processo, procura ampliar os limites de sua prática enquanto artista-curador, instaurando a ideia de obra de arte total e ampliando o vasto repertório de textos escritos sobre sua própria obra.