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“Pedra Latente” de Rodrigo Braga na Anita Schwartz Galeria de Arte

23 agosto, 2023 @ 10:00 21 outubro, 2023 @ 19:00

Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a exposição Pedra Latente, com obras inéditas e recentes de Rodrigo Braga, entre desenhos e fotografias, que aprofundam e radicalizam sua pesquisa iniciada em 2017, no Cariri cearense e nas regiões de pedras calcárias na França, onde vive desde 2018.

A exposição Pedra Latente – que tem texto crítico de Bianca Bernardo – ocorre exatos cinco anos após Os olhos cheios de terra, em que Rodrigo Braga apresentava os trabalhos com terra e pedra que trouxeram a ideia seminal de sua produção atual. As dicotomias – preto e o branco, direita e esquerda, positivo e negativo – são questionadas pelo artista, que busca uma saída para além disso. “Ciente da contradição que também sou, tento lidar com os extremos opostos. Nessa terra não só de surdos mas também de cegos, tento apenas enxergar onde estou, para ver onde
colocarei meus pés no passo seguinte”.

As pedras, que aparecem roladas, ovaladas, com intervenções de pintura feitas por Rodrigo Braga – presentes tanto nas fotografias como nos desenhos –, sugerem que em sua rigidez e aparente imutabilidade estão, na verdade, plenas de energia, prestes a eclodir, como na lei da entropia. “Este ‘estado estacionário’, de um sistema, em uma condição de energia quase nula, é onde tudo está por acontecer, quando qualquer e mínima entropia alcança seu êxito. Sair do estado neutro, dócil e de senso comum, é justamente onde se impõe a criação, onde a provocação da arte pode acontecer, ainda que para alguns soe apenas como desordem”, explica. “Este estado latente aponta para novas possibilidades, e é isso o que espero para a humanidade”, afirma. “Me aproveito da consciência de ser artista e de alquimias que o valham. Conversar com pedras é uma ação reservada aos loucos; ou aos artistas”.

Em algumas fotografias, o artista usa seu próprio corpo para interagir com as pedras. “Recentemente venho me interessando por caminhar em terrenos mais áridos que de costume, onde meu próprio corpo, personificando uma humanidade em ruínas, é o único vivente visto nestas paisagens. Estamos nos aproximando do chamado ponto de não retorno, em que o homem pode estar protagonizando um dano tão grande contra o meio ambiente que possa levar à sua própria extinção. Agora não há mais outros animais, e a única presença vegetal tem feições áridas ou se encontra carbonizada. Como numa metáfora de tempos sombrios vividos, os recursos se exaurem e este homem transita por terras empoeiradas, e duras, em busca de outras direções possíveis”, diz Rodrigo Braga.

“Atualmente vivemos a ideia de fim de mundo, de abismo, ou a queda do céu, como alertou Davi Kopenawa Yanomami, e este pode ser o estado primordial, o princípio da criação artística, daquele que lida com o sensível, como uma espécie de alquimista de matérias e símbolos. A forma do ovo, do globo ocular, ou do crânio, pode ser o estado latente da mudança”, diz.

Anita Schwartz

R. José Roberto Macedo Soares, 30 – Gávea
Rio de Janeiro, RJ Brasil
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