Filmes AQA: My Rembrandt

Dirigido e roteirizado pela holandesa Oeke Hoogendijk, o documentário parte da obsessão de colecionadores por suas obras do grande mestre Rembrandt Harmenszoon van Rijn

Tempo de leitura estimado: 2 minutos
Autorretrato com colar e chapéu preto, de Rembrandt, produzido pelo artista aos 26 anos.

Colecionadores de arte falam sobre o que gostam em suas coleções. Isso poderia ser uma premissa bem básica de filmes sobre arte, mas no documentário da diretora e roteirista Oeke Hoogendijk esses colecionadores são pessoas bastante excêntricas que têm um gosto em comum: pinturas do artista holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn. Porém, esses personagens vão nos mostrando em seus depoimentos em My Rembrandt que não é apenas um gosto compartilhado o que existe entre eles, mas sim uma obsessão.

Lançado em 2019, ano em que o artista foi celebrado na ocasião de 350 anos de sua morte, o documentário trata de alguns temas comuns no mundo da arte, como restauração, autenticação, leilões e colecionismo. Mas dessa obsessão por antigos mestres e sua restauração ao comercialismo, passando por contratempos do mercado de arte, o filme se debruça também sobre o histórico de como obras de arte importantes passam de gerações para gerações de famílias e como essas gerações se relacionam com essa responsabilidade.

Jan Six X e o primeiro Jan Six, retratado por Rembrandt em 1654.

Um dos destaques é o depoimento do barão francês Éric de Rothschild, que possuiu durante anos os retratos pendentes de Marten Soolmans e Oopjen Coppit (casal de escravocratas que enriqueceu com a produção de açúcar no Brasil no século 17), no qual ele conta sobre a sensação de dormir com as pinturas, que ficavam uma de cada lado de sua cama. Recentemente, o colecionador vendeu as obras para o Louvre e para o Rijksmuseum. Essa venda é acompanhada de forma bastante próxima pelo filme.

Jan Six XI e a descoberta Portrait of a Young Gentleman.

Outro ponto interessante do filme é enfatizar o trabalho de pessoas que trazem à tona novas obras de artistas famosos que até então ninguém sabia que existiam. É o caso do historiador de arte e art dealer Jan Six XI, que descobriu um retrato desconhecido de Rembrandt, retratado no filme.

Enquanto folheava de forma até meio despretensiosa um catálogo da casa de leilões Christie’s para uma liquidação, ele se deparou com uma obra que chamou sua atenção e que estava listada como se tivesse sido feita por alguém do círculo de Rembrandt. Ele acreditou, porém, que o próprio Rembrandt teria produzido aquele retrato, intitulado Portrait of a Young Gentleman, de 1634. Pouco depois ele anunciou também a descoberta de mais uma obra do mestre holandês, Let the Children Come to Me (1627).

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