Livros AQA: Flutua sobre as ruínas, flutua

Livro do artista e poeta Omar Salomão ressalta a beleza e a potência criativa do erro e do acaso a partir de trabalhos de outros artistas

Tempo de leitura estimado: 3 minutos
Flutua sobre as ruínas, flutua, de Omar Salomão
Flutua sobre as ruínas, flutua, de Omar Salomão

Manchas, erros, rasuras, rastros, estilhaços e fragmentos. O artista e poeta Omar Salomão lança esse mês uma publicação que se desenvolve em torno da falha e do acaso como potência criativa. Flutua sobre as ruínas, flutua, publicado pela Cobogó, traz 6 ensaios, aqui chamados de “lances” referindo-se a  Stéphane Mallarmé, cujo poema Um lance de dados jamais abolirá o acaso se tornou um dos pilares das vanguardas do século XX. 

Flutua sobre as ruínas, flutua, de Omar Salomão
Flutua sobre as ruínas, flutua, de Omar Salomão

As palavras são perpassadas por imagens, por vezes de páginas de cadernos que acompanham Omar no seu dia a dia ou de trechos de livros grifados que refletem suas próprias ideias. Há, dessa forma, um constante diálogo com as muitas vozes que vão construindo seus pensamentos, encontros e imprevistos. O ponto de partida foi um pequeno livro de Haroldo de Campos, Ruptura dos gêneros na literatura latino-americana, que Omar pegou aleatoriamente na estante que foi de seu pai – todo riscado, grifado e rasurado, revelando ao autor um pouco sobre a linha de pensamento de Waly Salomão.  “Descobri ali a base do meu interesse: investigar a forma como conteúdo, a rasura e o vestígio como escrita poética, outras alternativas que não a letra diagramada sobre o cubo branco da página do poema”, escreve. Omar desenvolve, assim, suas reflexões sobre o tema a partir de três casos: as monotipias de Mira Schendel;  a poesia visual de Edgard Braga; e, os Babilaques de Waly – que  borra a letra, a linha e a si. 

Flutua sobre as ruínas, flutua, de Omar Salomão
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No lance dedicado à Schendel, por exemplo, ele revela um fascínio pelos desenhos em papel de arroz, datados de 1964 e 1966, justamente por explorar a liberdade e a delicadeza do gesto que traça formas abertas e imprecisas. As páginas oferecidas ao alagoano Edgar Barbosa  e seus poemas gráficos e visuais nascem de um livro deixado num envelope pardo na portaria do prédio do artista. O livro traz uma pesquisa relevante e uma poética promissora – caminhos que são percorridos ao lado do caráter autobiográfico da publicação. Não à toa, fotos, cadernos, caligrafia e reflexões de seu pai  aparecem entre reproduções dos cadernos de Omar, repletos de desenhos, pinturas, rabiscos, manchas, erros, rasuras, rastros, estilhaços, fragmentos…e poesia.

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