Maxwell Alexandre abre exposição em Londres com influência de rappers brasileiros

O artista carioca apresenta trabalhos recentes que tiveram como influência músicas de Djonga, Baco Exu do Blues e BK

Maxwell Alexandre, Close a door to open a window, 2020.

Artista em bastante acensão, o carioca Maxwell Alexandre ganha uma exposição na sede da galeria David Zwirner, em Londres, a partir do dia 2 de dezembro até o final de janeiro. Programada para abrir em novembro, ela foi adiada por conta do lockdown temporário decretado em razão da nova onda da Covid-19 que assola a Europa.

A mostra, intitulada Pardo é Papel: Close a door to open a window será composta por novos trabalhos de uma já célebre série que o artista vem tem dado andamento há alguns anos, a Pardo é Papel. A exposição também conta com uma espécie de viewing room no site da galeria.

O título tem a palavra “pardo”, que se refere tanto ao papel que ele utiliza como suporte para suas pinturas quanto para a “categoria” designada pelo censo geográfico para se referir a pessoas brasileiras miscigenadas. Essa é a primeira vez que ele expõe em Londres. Maxwell já apresentou trabalhos desta série O Museu de Arte Contemporânea de Lyon, no Museu de Arte do Rio e na Fundação Iberê Camargo.

O trabalho de Maxwell, que foi criado e mora na favela da Rocinha, tem uma presença forte de elementos que estão em sua volta nessa região, como o crime organizado, a igreja evangélica e a aparato de violência estatal que controlam as favelas da cidade. “O artista torna visíveis as principais autoridades que moldam a vida de seus habitantes negros e amplifica os símbolos do cotidiano que servem como demonstrações de força e resiliência”, diz texto da mostra.

Processo contínuo, a série será mostrada agora em novas obras e de uma forma diferente, como um “álbum” funciona para um músico. Isso porque ele tem destacado em suas pinturas o impacto da música, especialmente do hip-hop, na narrativa negra contemporânea, com uma linguagem própria de representatividade, orgulho e autodeterminação.

Nesta mostra em Londres ele apresenta obras que foram de certa forma influenciadas por rappers brasileiros, de diferentes regiões do país: Baco Exu do Blues, da Bahia; Djonga, de Minas Gerais, e BK ’do Rio de Janeiro. Os títulos das obras expostas também têm vínculo com a música de artistas pops negros que têm participado da luta antirracista, como Tyler, the Creator (que empresta verso de música para o título da mosta), Solange e Frank Ocean.

Em trecho de conversa com Matthieu Lelièvre em 2019, citado ao longo da viewing room no site da galeria, o artista explica: “Onde eu moro, na favela da Rocinha, a arte contemporânea não é uma mercadoria; dificilmente alguém está interessado nele ou sabe do que se trata. Portanto, pintar letras de rap também é uma forma de tentar preencher essa lacuna. Isso dá ao meu trabalho a chance de envolver o interesse dos membros da minha comunidade.”

Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support