O Bastardo abre sua primeira individual em São Paulo no Dia da Consciência Negra

Em pinturas expostas na Casa Triângulo, o artista ressalta a necessidade de rever o papel do negro na sociedade

Carti, da série Pretos de Griffe, de O Bastardo
Carti, da série Pretos de Griffe, de O Bastardo

Já está claro, no campo das artes plásticas, que é preciso rever a representação na negritude. Se há um século muitos artistas modernos buscavam a essência do Brasil re-escravizando corpos negros, hoje a grande parte dos nomes promissores e proeminentes da arte contemporanea ressaltam a necessidade de rever o papel do negro na sociedade, reivindicando um lugar de existência para esses corpos não mais oriundos de violências e traumas históricos, mas agora sob uma perspectiva de liberdade – lutando por novas conquistas, vozes e visibilidades. 

É sobre isso o trabalho de O Bastardo, que abre “Pretos de Griffe”, sua primeira individual na galeria Casa Triângulo, no próximo dia 20 de Novembro. A escolha do Dia da Consciência Negra para celebrar os novos trabalhos não é à toa: suas pinturas trazem evidenciam traços de empoderamento, sejam eles por meio de adereços, ou pela gestualidade e forma como tal personagem encara seu espectador.

O cria, da série Pretos de Griffe, de O Bastardo
O cria, da série Pretos de Griffe, de O Bastardo

O Bastardo apresenta uma série de figuras negras que alcançaram um lugar de destaque em suas áreas de atuação, tais quais ícones do grande escalão da indústria da música como Kayne West, Playboi Carti e Mano Brown, como também figuras desconhecidas, que para o artista representam uma atitude de sucesso e confiança.Aqui, o artista retrata tais personagens de forma livre, mas sempre imputando um lugar de lifestyle a elas, como cabelos coloridos ou descoloridos e roupas descoladas que chamam atenção por seu tom neon. 

Com uma pintura de gesto rápido, sempre valorizando o processo do desenho diretamente na tela, O Bastardo coloca em perspectiva a própria inquietude de uma nova geração de artistas racializados que se forma e tem urgência nos processos de justiça e reparação histórica. Essa inversão de sentido na sua pintura também pode ser relacionada a um desejo de repensar a própria fatura do objeto em ser menos acadêmica e eurocentrada, e mais “marginal”, afinal o próprio grafite, assim como outras manifestações da cultura negra, sempre foram rebaixadas em relação à uma alta cultura dominante.

Waves, da série Pretos de Griffe, de O Bastardo
Waves, da série Pretos de Griffe, de O Bastardo

Entre questões da própria história da arte, ou de políticas sociais, O Bastardo nos aponta a necessidade da urgência do revisionismo histórico para que cada vez mais a população negra acredite que é possível ser aquilo que sempre desejou ser: livre para gozar a vida em sua plenitude.

Tyler the creator, da série Pretos de Griffe, de O Bastardo
Tyler the creator, da série Pretos de Griffe, de O Bastardo

Pretos de Griffe

Data: De 20 de novembro até 29 de janeiro

Local: Casa Triângulo 

Endereço: R. Estados Unidos, 1324 – Jardins, São Paulo

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