Pina Estação apresenta individual de Ayrson Heráclito

Mostra ‘Yorùbáiano’ reúne mais de 60 obras, entre instalações, fotografias, vídeos e performances, e evoca força das mitologias africanas

Ayrson Heráclito. Piercing Pérola 1 - Série Sangue Vegetal. 2005. 100 x 70 cm. Divulgação
Piercing Pérola 1 – Série Sangue Vegetal, 2005, Ayrson Heráclito. Divulgação

Enquanto Adriana Varejão rasga telas e azulejos para expor os traumas da colonização brasileira, Ayrson Heráclito recupera a força de mitologias africanas que aportaram no Brasil com a chegada dos milhões de homens e mulheres escravizados. Esse é o tema de Yorùbáiano, individual do artista baiano que abre no próximo sábado, 2.4, na Pina Estação, e que dialoga com Suturas, fissuras, ruínas, individual de Adriana Varejão aberta na última terça, 29.3, na Pinacoteca. 

Ayrson Heráclito. Osún com Abebê e Ofá. 2020. Fotografia. 122 x 122 cm. Divulgação
Osún com Abebê e Ofá, 2020, Ayrson Heráclito. Divulgação

Com curadoria de Amanda Bonan, Ana Maria Maia e Marcelo Campos, a exposição ocupa três salas. Por meio dos 63 trabalhos selecionados para a mostra, o artista apresenta mitos yorubanos ou nagôs e jejes e saberes ancestrais que fazem parte das matrizes religiosas e culturais do candomblé. Heráclito é professor universitário, historiador da arte, curador e ogã de Candomblé de matriz Jejê-Mahi. Para a exposição, trouxe instalações, fotografias, vídeos e performances. 

Ayrson Heráclito. Barrueco Colar. Série Sangue Vegetal. 2005. Fotografia. 106 x 160 cm. Divulgação
Barrueco Colar, Série Sangue Vegetal, 2005, Ayrson Heráclito. Divulgação

A mostra, originalmente concebida para o Museu de Arte do Rio em 2021, articula materiais orgânicos como o açúcar, o azeite de dendê e a carne curtida no sal. O primeiro faz referência, ao mesmo tempo, à ganância da monocultura canavieira escravocrata e à divindade Exú, a quem, em ritual, é oferecida a cachaça. O segundo simboliza fluidos do corpo humano: sangue, sêmen ou saliva — na instalação Regresso à pintura baiana (2002), por exemplo, ele tingiu uma maquete da Igreja do Rosário dos Pretos com o dendê. Já o terceiro alude às violências sofridas pelo povo negro escravizado e remete ao orixá Ogum.

Ayrson Heráclito. Regresso à pintura baiana - Maquete da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. 2002-2022. Foto Jaime Acioli
Regresso à pintura baiana – Maquete da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, 2002-2022, Ayrson Heráclito. Foto Jaime Acioli
Ayrson Heráclito. Yaô - Série Banhistas. Fotografia. 166 x 110 cm. Divulgação
Yaô – Série Banhistas, Ayrson Heráclito. Divulgação

Destaque para o registro da performance ritualística Sacudimento (2022), realizada pelo artista ao redor do edifício da Estação Pinacoteca, onde funcionou o Dops (Departamento de Ordem Política e Social), órgão de repressão que torturava presos políticos durante a ditadura militar.

Ayrson Heráclito. Instalação da série Bori (Oferenda à Cabeça), 2008-22. Pinacoteca de São Paulo. São Paulo, Brasil. Foto Jaime Acioli
Instalação da série Bori (Oferenda à Cabeça), 2008-22, na Pinacoteca Estação. Foto Jaime Acioli

E também para a instalação fotográfica Borí (2008-2011) que contempla 12 fotografias do ritual de fazer a cabeça ou “borí”, representando cada um dos 12 orixás do xirê. No dia 11.8, o espaço Octógono, no edifício da Pinacoteca Luz, será palco do ritual sagrado, com duração de cerca de duas horas, conduzido pelo artista, com a presença de músicos e 12 iniciados da religião africana.

Ayrson Heráclito na performance de Bori no Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, RJ, 2021. Divulgação
Ayrson Heráclito na performance de Bori no Museu de Arte do Rio, em 2021. Divulgação

Ayrson Heráclito: Yorùbáiano

Data: 2 de abril a 22 de agosto de 2022

Local: Pinacoteca Estação

Endereço: Largo General Osório, 66 – Luz

Funcionamento: de segunda a sábado, das 10h às 18h

Ingresso: grátis 

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