“Bem-Olhado” na FONTE

A exposição Bem-Olhado ganha vida em meio à pandemia, um resultado inesperado do isolamento. Durante aqueles tempos marcantes em que o recolhimento era a norma, a artista Laura Vinci é convidada por Niki Nomura para participar de uma colaboração fotográfica. Através de mãos nas fotos, um vínculo é forjado entre estranhos. Marjorie Gueller, amiga de longa data, compartilha aquarelas que celebram a beleza escondida nos descartes culinários, transformando restos de alimentos em obras vibrantes. A interação com o trabalho de Marjorie inspira Laura a desafiá-la a criar mais.

As fotos de Niki revelam um ambiente de ateliê, oferecendo introspecção. Paralelamente, as imagens de Marjorie e as instalações domésticas evocam a vida cotidiana. Enquanto a energia solar das aquarelas contrasta com as fotos de Niki, estas indicam inquietude, solidão e, ainda assim, humor.

Érica Coelho, uma amiga de Laura, documenta uma rua aparentemente deserta, incorporando uma elegância atemporal. Suas imagens pintam uma cidade prévia ao tumulto humano, um retrato de tempos idos ou pós-partida. Drago, um fotógrafo que Laura já conhecia, registra a pandemia com intensidade. Suas imagens, quase como pinturas de Edward Hopper, revelam cores vivas em meio à dureza da São Paulo desigual.

A exposição Bem-Olhado é uma resposta ao gesto inicial de Niki, estendendo a mão e conectando pessoas. Essas mãos unidas, incluindo as de Laura, Marjorie, Niki, Érica e Drago, tornam-se um símbolo de conforto em um período desafiador para a humanidade.