A exposição Chocolate Imaginário de Maria Montero, fundadora da Sé, encerra o programa anual da galeria em 2023. A partir da experiência pessoal da perda do pai, o fotógrafo Fausto Ivan, para o câncer durante a pandemia, Montero propõe uma investigação poética sobre a finitude da vida, celebrando a existência e a herança emocional deixada pela morte. A mostra utiliza objetos, instalações, desenhos, fotografias e instruções para performances para explorar a elaboração do luto com leveza e alegria de viver.
O título da exposição refere-se às últimas palavras do pai, que delirante sob morfina, afirmou estar comendo chocolate. Montero, imersa na pesquisa sobre perda e luto, utiliza a palavra escrita e objetos corriqueiros em suas obras, desafiando as convenções do luto com elementos multicoloridos e contrastes visuais. As obras inéditas exploram a relação entre dança e morte, a expressão de empatia através de joias e a dramaturgia associada a ritos fúnebres.
A instalação Se estiver vivo, dance examina a relação entre dança e morte na sociedade de consumo contemporânea, enquanto a peça Meus sentimentos explora os protocolos linguísticos do luto transformados em acessórios de elogio à subjetividade. O trabalho Monumento ao tubinho de filme homenageia o pai da artista, relacionando-se com sua profissão de fotógrafo. A instalação Mente é um comentário sobre práticas budistas, convidando os espectadores a olhar diretamente para suas emoções e pensamentos.
A exposição, predominantemente composta por obras inéditas, oferece uma reflexão profunda sobre a impermanência, a perda e as heranças afetivas. Com elementos visuais e conceituais, Montero proporciona uma experiência contemplativa que convida o público a praticar compaixão, alegria, presença e outras qualidades do coração humano. O texto curatorial é assinado por Gustavo Gitti.