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“Deus e o diabo no sertão carioca” de Tainan Cabral na Galeria Cavalo

22 julho, 2023 @ 12:00 2 setembro, 2023 @ 19:00

No dia 22 de julho, a Cavalo apresenta Deus e o diabo no sertão carioca, individual de Tainan Cabral no espaço da galeria em Botafogo. A exposição contará com obras inéditas do jovem artista que compõe e apresenta a visão de um outro Rio de Janeiro, por muitos desconhecido.

A exposição que estreia a sua representação pela galeria combina o título de duas obras, por um lado, o clássico cinematográfico de Glauber Rocha Deus e o diabo na terra do sol, e por outro, O Sertão carioca,  livro do pesquisador Magalhães de Corrêa, o qual comenta a formação da zona oeste do Rio de Janeiro e dos empreendimentos que invadiram essa região rural, ao longo das décadas de formação do estado.

A aridez da vida, em um lugar abandonado por Deus e pelo Estado, é tema comum em ambos os casos. Se o filme de Glauber Rocha narra a tentativa de salvação do casal protagonista em um meio tomado pela violência de falsos profetas, jagunços e cangaceiros, a análise de Magalhães se inscreve na preocupação da proteção da natureza como parte da identidade nacional e da conservação dos modos de vida da periferia carioca, constantemente ameaçados pelo processo de modernização da então capital brasileira.

O sertão metropolitano que surge de Tainan, representa essa área de conflito armado, de aspereza cotidiana, de um ambiente que a princípio parece inóspito às cores e às paisagens vibrantes que compõem suas obras. Como uma espécie de revelação, a montagem da exposição promove um encantamento no espectador que consegue vislumbrar beleza por meio desses objetos corriqueiros tirados de seu contexto usual e rearranjados em uma série de instalações, pinturas e esculturas.

Nascido e criado em Senador Camará, zona oeste do Rio de Janeiro, Tainan Cabral construiu sua prática artística partindo do grafite de rua que logo se desenvolveu em pinturas abstratas nas mais diversas superfícies e materiais. Ele transpõe para sua obra uma típica criatividade popular que nasce da necessidade, do reaproveitamento e da ressignificação dos materiais para outros propósitos. Uma inteligência suburbana, se quisermos, que transforma velhas latas de tinta em vasos de flores ou pequenos fornos improvisados para amendoins temperados, de onde se pode tirar o sustento diário.

As formas geométricas e a simetria, que dialogam com as tradições  do neoconcretismo e do tropicalismo, se inscrevem entre o divino e o mundano que convivem nesse ambiente retratado, na sedução colorida dos vidros de lança perfume, nos caixotes de feira que viram molduras à telas na série caixotes, nos elementos da flora local pintados em lonas de piscina, pneus, restos de sacola de feira e uma palheta de cores emprestada de produtos de limpeza. Os objetos ordinários são reapropriados para estabelecer uma visão eletrizante dessa energia de um sertão que se reinventa cotidianamente.

Galeria Cavalo

Rua Sorocaba, 51 – Botafogo
Rio de Janeiro, RJ Brasil
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