“Facchinetti (1824-1900) – Paisagens (Ir)reais” na Danielian Galeria

A exposição Facchinetti (1824-1900) – Paisagens (Ir)reais apresentada pela Danielian Galeria celebra o bicentenário de nascimento do mestre da pintura de paisagem. A mostra reúne cerca de 50 obras cuidadosamente selecionadas pela curadora Denise Mattar, provenientes de coleções privadas, incluindo as de João Philippe de Orléans e Bragança, em São Paulo, e Ronaldo Cezar Coelho e Luiz Carlos Ritter, no Rio de Janeiro. Destacando-se entre as obras expostas está a icônica pintura Vista do Rio de Janeiro tomada de Santa Tereza (1892), considerada um dos maiores panoramas da cidade pintados por Facchinetti. Uma das características encantadoras da produção de Facchinetti é o extremo detalhamento presente em suas pinturas, capturando minuciosamente detalhes botânicos através de pinceladas precisas. Como precursor das tendências modernas na arte, Facchinetti pintava ao ar livre, buscando retratar a paisagem, a luz e o momento do dia com fidelidade. Exemplos notáveis são o par de pinturas de 1872 intituladas: Baía do Rio de Janeiro tomada do Forte do Leme e Praia de Copacabana tomada do Forte do Leme. Essas obras retratam escolhas específicas de pontos de observação, como os arcos no alto da Ladeira do Leme, que proporcionam uma visão privilegiada das paisagens de Botafogo, Urca e Copacabana. Facchinetti também deixou um importante legado histórico ao retratar as fazendas de café que dominavam o Estado do Rio de Janeiro no século XIX, além das localizadas em São Paulo e Minas Gerais. Suas pinturas detalhadas acabaram se tornando registros das transformações econômicas e paisagísticas ocorridas no país naquela época, denunciando também os danos causados pelo desmatamento resultante da agricultura baseada em trabalho escravo. Nesse contexto, a mostra busca estimular a reflexão sobre as transformações históricas e ambientais por meio da produção artística de Facchinetti. Nas paisagens de Facchinetti, a natureza é sempre protagonista, privilegiando cachoeiras, montanhas, rios, a Baía da Guanabara, a Lagoa Rodrigo de Freitas e o céu, onde o artista expressa seu fascínio pela luz tropical brasileira.