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“Ivald Granato – Seres” na DAN Galeria

19 agosto, 2023 @ 10:00 21 outubro, 2023 @ 19:00

“Ivald Granato era, e ponto final. Um artista que nasceu para as artes; um pintor que nasceu para as cores e pincéis. Um ser à serviço do fazer artístico cuja liberdade e a experimentação foram marcas preponderantes de uma movimentada trajetória transdisciplinar”, afirma Daniel Rangel, curador da exposição Seres, que a Dan Galeria inaugura no dia 19 de agosto. A mostra traz para o público peças do Acervo Ivald Granato, empresa criada por sua família para conservar e difundir seu legado de 50 anos de dedicação rigorosa, livre, experimental e ininterrupta para a arte brasileira.

Granato, que morreu precocemente há sete anos, em julho de 2016, foi um artista plural. Pintor e um dos pioneiros na arte performance no Brasil, transitou entre desenho, pintura, escultura, performance, vídeo e múltiplos suportes, linguagens, estilos, lugares e pessoas. Conectado a todos os movimentos de vanguarda, para Rangel, ele foi um pop-surrealista na década de 1960, um performático-tropicalista na década de 1970, e um roqueiro-expressionista na década de 1980. Segundo Jacob Klintowitz, crítico de arte brasileiro, o artista tinha sua própria linguagem, intitulada por ele de Granatês.

Em Seres, a curadoria explora esse universo inventado por Granato, marcado por sua força colorista, traços expressivos e uma constante pulsação rock and roll, que destaca os vários seres criados pelo artista. No recorte escolhido pelo curador, o figurativo, abrange meados dos anos 1980 até o ano 2000. “O figurativo está voltando com força total no mundo e por isso minha escolha. Mas Granato é tão múltiplo que poderia ter diversos outros recortes: só desenhos, ou só abstratos, ou só surrealistas e muitos outros”, complementa Rangel.

O recorte marca, contudo, uma época áurea do trabalho de Granato. Nesse período, seu atelier na avenida Henrique Shaumann com a Avenida Brasil era um ponto de encontro dos mais efervescentes de São Paulo, reunindo a nata dos artistas e intelectuais. Em 1987, Granato foi capa da revista Veja São Paulo, que o chamou de “O Agitador dos Pincéis”. É para se destacar também o sucesso que ele fez na Alemanha, encantando inclusive a princesa Gloria Thurn und Taxis que criou um atelier para o artista em seu castelo em Regensburg, de onde desenvolveu uma série de obras, algumas presentes nesta mostra

.A exposição evidencia como os Seres de Granato são únicos ao mesmo tempo que estão conectados entre eles, a semelhança vai além da visualidade. Para o curador, as figuras retratadas incorporam trejeitos comuns, presentes na personalidade expansiva do artista. Nela o público encontrará possíveis autorretratos multifacetados, como um ‘pavilhão de eus’, citando o músico suíço Walter Smetak, além de esboços, cadernos do artista, anotações e mais objetos.

Sobre a pintura figurativa, o curador explica que um resgate dela vem sendo feito, conduzida por uma crescente produção identitária na qual os artistas reproduzem seus entornos. O tão evidenciado atualmente “lugar de fala” na sociedade, incluindo o meio artístico, se torna necessário ao incorporar novas vozes, formas, cores e sons, cuja experiência é vívida e real.

“Desde os anos 1960, ou até mesmo desde Marcel Duchamp, ‘arte e vida’ se misturam e tangenciam a produção contemporânea. Nesse sentido, Granato representou o que ele era de fato, a vanguarda. O espaço-ser da experimentação artística, cujo tempo é histórico, e por isso, circular, que incorpora o passado, revisitado aqui, a partir de uma visão atual. Os Seres de Granato são a essência dele mesmo, e de sua pintura”, afirma o curador.

A mostra marca a chegada do artista ao acervo da galeria, que segundo Peter Cohn, fundador da Dan, significa um resgate de um momento histórico da arte brasileira. “Ele é parte integrante deste movimento significativo que rompeu todas as barreiras após os concretistas e neoconcretistas”, explica. “O Granato é um ícone do movimento vanguarda dos anos 70.” Para Peter, o artista é um dos líderes deste movimento por sua postura contundente e irreverente. Ulisses Cohn que atua ao lado do pai na Dan Galeria complementa. “Sua entrada na galeria dá continuidade para a evolução da arte brasileira que percorremos, como galeria de percurso”, pontua. “Ele vem completar a linha do tempo e ocupar o lugar da vanguarda, da expressão contestadora, da pluralidade estética. Renova nosso programa artístico.”

A jornalista Alice Granato, filha do artista, dirige o Acervo e participa ativamente da exposição. Ela comemora o retorno do pai ao mercado de arte com a representação da Dan Galeria. “Uma alegria ver a obra do meu pai viva, pulsante e com seu merecido lugar na história da arte”, afirma. “Ele deixou um legado de máxima importância e trabalhamos muito, minha família e eu, para preservar e difundir sua obra e memória.”

DAN Galeria

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