“Signal” de Mohamed Bourouissa no Palais de Tokyo

A prisão dos corpos e a restrição do pensamento, a representação das identidades, a determinação e o controle da linguagem, formas de cuidado baseadas em plantas, música e cor, economias informais, alienação e resistência: estas são algumas das experiências íntimas a partir das quais Mohamed Bourouissa trabalha para criar histórias coletivas que se baseiam nas raízes do amargor (seum em árabe).

Esta primeira retrospectiva prospectiva em uma instituição nacional oferecerá uma oportunidade de descobrir o trabalho deste artista desde sua produção mais recente até seus primórdios, ao lado de criações de artistas aos quais ele é próximo e através de saltos temporais que evitam as normas de ordem cronológica e exaustividade. Como o mundo para Mohamed Bourouissa é pequeno, a exposição reúne várias geografias diferentes: sua cidade natal de Blida, na Argélia, onde o psiquiatra e escritor Frantz Fanon desenvolveu uma análise da alienação mental em meio à dominação colonial; Gennevilliers, onde Bourouissa agora vive e é ativo como membro da comunidade local; o céu sobre Gaza.

Impulsionado por uma lógica do disparate, Mohamed Bourouissa estica idiomas e retorce referências, formas e estéticas tanto pessoais quanto coletivas para provocar rupturas, inversões e tensões, criando um terceiro lugar entre um jardim assombrado e um organismo vivo que é ao mesmo tempo moldado e perturbado pelo problema. A exposição é concebida como uma partitura composta por sons, desenhos, fotografias, filmes, esculturas, aquarelas, plantas, música experimental e energias coletivas. Dos gritos ao silêncio passando pelos sussurros dos fantasmas do colonialismo, ela nos confronta com uma frequência atmosférica singular e agudamente ajustada do sensível, e constitui uma tentativa de escapar daquelas coisas que nos envenenam e intoxicam.