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“The Time and the Color” de Ione Saldanha na Salon 94

30 abril @ 09:00 22 junho @ 20:00

Ione Saldanha, Sem título, c. 1950s

A pioneira modernista brasileira Ione Saldanha nasceu em 1919 em Alegrete, Brasil, perto da fronteira com o Uruguai. Ela viveu e trabalhou no Rio de Janeiro por sete décadas até seu falecimento em 2001. “O Tempo e a Cor”, a primeira exposição individual de seu trabalho nos Estados Unidos, inclui pinturas das décadas de 1950 a 1980, desde paisagens urbanas iniciais até experimentos em abstração geométrica e obras posteriores de abstração absoluta e forma que percorreram telas e obras esculturais de bambu.

No centro do trabalho de Saldanha está a preocupação com uma certa representação da cidade – incluindo seus habitantes – e composições arquitetônicas abstratas, construções e elementos de construção. Saldanha começou pintando cidades coloniais como Ouro Preto e Salvador, gradualmente migrando para a abstração geométrica mais tarde em sua carreira. Há ritmo nessas construções, construído através de códigos de cores e camadas. Muitas de suas obras não indicam títulos ou datas exatas; elas fazem referência menos ao mundo exterior do que à própria colocação dentro de seu trabalho – sua própria sequência, lógica e ritmo – criando uma linguagem completa de valores e estéticas.

A abstração dominou as práticas artísticas durante a segunda metade do século XX, à medida que muitos artistas que trabalhavam após a Segunda Guerra Mundial buscavam uma linguagem internacional que pudesse transcender narrativas nacionais e regionais – e, para artistas mulheres, aquelas relacionadas ao gênero. É necessário entender os contextos políticos e sociais nos quais a maioria dessas obras foi produzida: durante uma onda de regimes militares que assolaram a América do Sul das décadas de 1960 a 1990, quando o internacionalismo era uma questão contínua. À medida que os artistas enfrentavam a censura e a impossibilidade de se dedicarem apenas a obras explicitamente políticas, alguns encontravam na abstração a possibilidade de fazer arte em liberdade.

Saldanha tinha uma prática muito particular que desafiava as normas da pintura moderna. Embora tenha estudado na Europa e admirado artistas como Henri Matisse, seu trabalho não necessariamente busca essas tradições para inspiração ou linhagem comum. Em vez disso, sua maneira de se relacionar com a cor faz referência às culturas vernaculares e à arte popular única do Brasil, como jogos de rua, casas populares e festividades.

O interesse fundamental de Saldanha pela cor e pela forma é evidente em seu trabalho desde os estágios iniciais; ela concebia suas construções como maneiras de relacionar esses elementos. Ela estava completamente inserida na cena das artes visuais do Rio de Janeiro, exibindo em galerias e museus localmente e em todo o Brasil, mas suas referências sempre retornavam ao que ela chamava de “cultura popular”.

As pinturas de bambu de Saldanha exigem um encontro entre natureza e abstração. O bambu é ubíquo no Brasil, comumente usado para modos vernaculares de construção, e tinha para Saldanha uma memória íntima particular. Geralmente exibidas em grupo, os postes de bambu de Saldanha permitem uma quantidade quase infinita de combinações de cores. Estas obras nos remetem às qualidades “artesanais” do meio – não a pintura do cânone histórico da arte, mas a pintura que alguém poderia fazer na rua: um trabalho diário, um ato simples, decorativo e significativo ao mesmo tempo.

Catarina Duncan

“O Tempo e a Cor” é organizado em colaboração com Simões de Assis, São Paulo.

Salon 94

3 E 89th Street
Nova York, Nova York Estados Unidos
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