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A Quadra apresenta individuais de Gilson Plano e Yasmin Guimarães

20 abril @ 10:00 22 junho @ 19:00

Yasmin Guimarães, Sem título, 2022

Amarrar um laço entre os dedos para lembrar o que não deve ser esquecido. A força do nó desacelera o fluxo sanguíneo, vasos se contraem e se espremem na esperança de que o segredo confiado ao elemento físico que envolve o corpo nos encontre no futuro. Se a história é um grande laço de lembrança, podemos imaginar uma teia de fios e nós — complexos e em constante expansão —, cujas pontas soltas e linhas aparentes desafiam a perspectiva de um trajeto único, fazendo de tais nós cegos menos um desafio da descoberta do percurso do que a contemplação do emaranhado geral. Esse parece ter sido um dos maiores desafios contemporâneos para a revisão da relação do humano com a história, com a natureza, com a vida e com as epistemes.

Em “Misterioso Laço”, Gilson afirma seu desejo de habitar a abstração fundamentado em uma relação ampla e direta com o mundo e seus materiais. Parte de uma nova geração de artistas que busca revisitar a história brasileira e trabalhá-la segundo uma ordem da experiência fenomenológica da diferença.

Sua prática orienta novas configurações de sentido que ultrapassam a mera exposição crítica das mazelas sociais, em seu lugar tomam forma proposições de experimentação artísticas orientadas sobre o respeito às sabedorias e tecnologias ancestrais, capazes não só de re-encantar o nosso mundo, mas de criar outros.

A artista Yasmin Guimarães constrói paisagens que ora flutuam por horizontes instáveis e movediços, ora fazem pouco caso de uma verosimilhança com o natural. Mais interessada no aspecto fenomenológico da impressão retiniana da cor em um relevo imaginário, Yasmin faz da dureza da luz tropical o tônus de sua pintura. Refletindo sobre as cores que banham os trópicos em que vive e por onde habitam suas primeiras lembranças de paisagem, a paulistana substitui os tons alaranjados e quentes por uma paleta de cores fria, e assim estabelece com o espectador um encontro honesto, indispensável para a sua obra.

Atraída pelo vazio, suas elaborações pictóricas parecem mais afeitas à construção da natureza sob um cânone visual oriental que, sob a influência do taoísmo, reflete sobre o entorno com a representação da vitalidade das formas e seu movimento rítmico demarcado pelo contorno do pincel, na busca por abstrações que sugiram o extrafísico. A criação surge como possibilidade de revelar o vazio. Contrasta, assim, com os ideais ocidentais, cuja perseguição por uma forma plástica orgânica ainda retém vestígios em nossa maneira de vivenciar o mundo, tanto na pintura como no regime de imagens técnicas, em um completo horror ao vazio.

Texto curatorial de Lucas Albuquerque

Galeria Quadra

Rua Barão de Tatuí, 521
São Paulo, SP Brasil
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