Pílulas AQA: saiba quais são as notícias mais importantes do mundo da arte em poucos minutos

Recordes em leilões, novos museus e filmes, aberturas de exposições em São Paulo e Rio de Janeiro e nova representação na galeria Kogan Amaro – confira os destaques da semana

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Teresa Burga
Teresa Burga

Ícone da arte latino-americana, Teresa Burga faleceu no dia 12 de fevereiro 

Esta semana o mundo da arte perdeu mais uma figura que fará muita falta. A artista peruana Teresa Burga era conhecida por seus trabalhos multimídia com estética pop. Suas peças conceituais, que ganharam notoriedade a partir do  final dos anos 1960, a posicionam como uma precursora no Peru, introduzindo conceitos de instalação e arte midiática, além de ser uma das primeiras a criar trabalho de base tecnológica. 

A principal preocupação de Burga foi questionar e redefinir noções aceitas de feminilidade em relação aos meios de comunicação de massa e ao trabalho doméstico. Seus primeiros ambientes apresentavam cenas domésticas saturadas pelas cores e símbolos da cultura pop. A figuras femininas, pintadas sobre superfícies brilhantes bidimensionais – às vezes sobre móveis – parodiam retratos da feminilidade, enquanto com humor lembram o espectador dos brinquedos infantis: aparatos disfuncionais que antecedem suas investigações posteriores sobre representação diagramática.

Kogan Amaro anuncia Adriano Machado
Kogan Amaro anuncia Adriano Machado

Nova representação Kogan Amaro 

A Galeria Kogan Amaro anunciou, essa semana, que começou a representar o artista  Adriano Machado. Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Machado trabalha com a fotografia, vídeo e objetos com o objetivo de pesquisar a condição humana entre os espaços de convivência e os territórios afro-inventivos.  O  jovem baiano usa a arte para discutir questões sobre identidade, território, ficção e memória, investigando processos de políticas de vida.

Machado foi premiado com Bolsa Residência Artística Funarte/2019 e recebeu o prêmio principal do Salões de Artes Visuais da Bahia/2013. Participou da Bienal de Cerveira, em Portugal, em 2020;  do Valongo Festival da Imagem, em Santos;  e de Circulação da Fotografia Baiana, em Chicago – os dois últimos em 2019. 

Amy Sherald
Amy Sherald
Kerry James Marshall
Kerry James Marshall

Estreia do filme Black Art: In the Absence of Light 

Quando o historiador de arte, curador e artista David C. Driskell morreu ano passado de complicações relacionadas ao Covid-19, o mundo da arte ficou sem chão. Um mentor e apoiador de gerações de artistas negros, curadores e acadêmicos, Driskell organizou a exposição histórica Two Centuries of Black American Art, que reivindicou a importância e a influência da produção de arte pelos negros nos EUA. Esta semana, no dia 9 de fevereiro de 2021, a HBO estreou o documentário Black Art: In the Absence of Light, inspirado no trabalho de  Driskell e que visa iluminar as obras de artistas visuais negros nos EUA.

Dirigido e produzido por Sam Pollard, o filme entrelaça entrevistas de acadêmicos e historiadores, bem como curadores e colecionadores negros, o documentário oferece um olhar vibrante sobre uma nova geração de artistas, seu processo criativo e seu crescente impacto na arte e cultura negra. A arte negra não é algo que surgiu apenas durante o movimento pelos direitos civis, argumentou Driskell. Ao contrário, é uma tradição com raízes que remontavam à própria fundação deste país, com artistas como Robert S. Duncanson, Joshua Johnson e Edmonia Lewis representados ao lado de talentos mais recentes como Norman Lewis, Charles White e Alma Thomas.

O documentário abre com a aparição de Driskell no The Today Show, onde ele discute a exposição com Tom Brokaw, que pergunta se Two Centuries of Black American Art tinha o efeito de isolar artistas negros do mainstream, ao que Driskell responde que é o mainstream que tem, na verdade, artistas negros isolados da história da arte. Uma lição que devemos aprender no Brasil também!

Marepe
Marepe

Luisa Strina abre individual de Marepe  

Apesar de ter sido realizada alguns anos atrás, a pintura A Festa (2017), de Marepe, ganhou novos significados após a experiência global com a pandemia de Covid-19: segundo o artista, uma festa que acontece dentro de um apartamento, a que comparecem apenas duas pessoas, que são um casal e, portanto, festejam em família no ambiente confinado de casa, é um retrato do que viria a se tornar a normalidade de uma festa possível. Só pessoas de um mesmo círculo de convivência diária num ambiente isolado e doméstico. Esta é a primeira obra que o visitante encontra em sua quinta individual na Galeria Luisa Strina, intitulada Aglomerado Mergulho. Outra obra que reflete os sentimentos vividos durante a pandemia? Contatos Espaciais, criada em 2020, representa casulos (ou conchas) com antenas, que simbolizam o tipo de contato que marcou o cotidiano da maioria das pessoas em 2020. A mostra traz também um interessante diálogo com a música popular brasileira. Fruta Gogóia, de 2021, é composta por dois colares e pingentes-esculturas que homenageiam Gal Costa,  Waly Salomão e a Tropicália. Longo Discurso apresenta varas de pesca alinhadas e firmadas à parede que trazem nas suas pontas os “peixes tropicalistas-psicodélicos” do artista: dezesseis vinis fundidos em alumínio foram “pescados” do grande acervo musical brasileiro são o seu tributo à MPB. 

Na mesma sala há uma série de colagens que fazem referência a Noel Rosa e a escultura Olhar Encarcerado. A ideia de criar os óculos agigantados é provocar o entendimento sobre a visão. A “lente” é composta por cabos de aço que não permitem o acesso ao outro lado, somente esse olhar fragmentado que acusa a dificuldade de enxergar. A peça exige um deslocamento do corpo para ser apreendida e mimetiza simbolicamente o impedimento de se deslocar, a impossibilidade de olhar, a limitação de viajar para ver o mundo. Para Marepe, a obra ganhou novos sentidos com a pandemia, como um contraponto à tela A Festa, que trata também das novas formas de olhar da atualidade.

Fábio Menino
Fábio Menino

Museu de Arte do Rio reabre com exposição sobre a casa carioca 

O Museu de Arte do Rio, o MAR, abriu essa semana com a exposição Casa Carioca, que reúne cerca de 600 obras e mais de 100 artistas.  A exposição, curada por Marcelo Campos e Joice Berth,  apresenta temas como sociabilidade, o papel da mulher como esteio de família e direito à moradia. Reunindo nomes como Érica Magalhães, max willà morais, Maxwell Alexandre, Millena Lízia, Mulambö, Rafael BQueer, Raquel Nava, Rodrigo Torres, Wallace Pato, Yhuri Cruz e Yuri Firmeza, Casa Carioca é a exposição do MAR com maior número de artistas jovens e periféricos. Eles apontam para temas como a diferença entre as moradias de favela e as moradias de elite – designadas aqui como exceções -, incêndios, mudanças, construções, demolições e celebrações. Além de apresentar ao público a produção contemporânea de novos talentos da arte brasileira, a mostra também contará com trabalhos de artistas consagrados, como Adriana Varejão, Alfredo Volpi, André Rebouças, Beatriz Milhazes, Cícero Dias, Lasar Segall, Marcel Gautherot, Mestre Valentim e Walter Firmo.

“Durante a fase de pesquisas, nos deparamos com um dado surpreendente. Apenas 15% das casas brasileiras são construídas por arquitetos, com a grande maioria se enquadrando no que os especialistas chamam de autoconstrução, quando o próprio morador comanda a obra com ajuda de parentes e vizinhos. Pensando nisso, buscamos artistas e trabalhos que tratam das condições dessas moradias e que exploram o interior das residências, relacionando-as com a questão social”, conta o curador Marcelo Campos. É o caso da pintura de Fábio Menino que retrata o filtro de barro, tão comum nas casas brasileiras. Berth é  arquiteta, urbanista e ativista do movimento feminista negro. 

British. Cool
Kte Moss no aBritish. Cool
Yinka Ilori
Yinka Ilori no British. Cool

Leilão reúne o melhor da Inglaterra, incluindo peças do universo da arte, moda, fotografia e música  

Bonhams, casa de leilões londrina, anunciou essa semana que irá fazer uma venda chamada British. Cool, que busca reunir o crème de la crème do Reino Unido. O que isso quer dizer? Fazer uma grande venda com peças de estrelas não só das artes plásticas, mas também de outros universos. Banksy, Damien Hirst, Tracey Emin, Julian Opie, David Bailey, Terry O’Neill e Richard Young, por exemplo, dividirão a atenção com Vivienne Westwood, Alexander McQueen, Paul Smith e Kate Moss – a modelo doou um retrato seu feito por Chris Levine, que pode render até 30 mil libras, e anunciou que o dinheiro será transferido para a ONG Oxfam.

A venda inclui muita nostalgia dos anos 1960, incluindo pôsteres de filmes de James Bond, roupas de Biba e Zandra Rhodes e uma imagem da banda de rock The Who envolta em uma bandeira nacional. Há, também, uma seleção de obras do artista multidisciplinar britânico-nigeriano Yinka Ilori. 

O discurso de vendas da casa de leilões ecoa a retórica pós-Brexit de Boris Johnson sobre o desempenho “mundial” do Reino Unido: “É uma venda multidisciplinar que explora o que realmente dá à Grã-Bretanha o direito ao prefixo ‘great’. ”, anuncia Janet Hardie, diretora de vendas da Bonhams.

Basquiat
Basquiat

Basquiat deverá bater mais um recorde

Está marcado para o dia 23 de março o leilão da Christie’s, em Hong Kong, que muito provavelmente colocará Jean-Michel Basquiat como o artista ocidental mais caro leiloado na Ásia. Basquiat já é um dos artistas contemporâneos mais caros e deve garantir a continuação de seu reinado se a tela Warrior, pintada em 1982, for mesmo vendida entre 31 e 41 milhões de dólares, como o previsto.  A pintura em grande escala, feita com acrílico, óleo e tinta spray no painel de madeira, apresenta uma figura empunhando uma espada com a cabeça semelhante a uma caveira – típica de Basquiat. O assunto é brutalidade: o artista tinha a ameaça de violência do Estado em mente quando fez a obra.

Exposta pela primeira vez em 1983 em Tóquio, na Galeria Akira Ikeda, a obra acabou viajando para exposições em Paris, Viena e Milão nas décadas seguintes. Foi apresentada pela última vez em 2019 na exposição inaugural da Brant Foundation, em Nova York. Se o lote atual atingir sua estimativa mais baixa, estará entre os 10 principais Basquiats a serem vendidos em leilão, superando o preço de 30,7 milhões de dólares pagos pela pintura Flesh and Spirit, também de 1982, da coleção de Herbert Neumann, na Sotheby’s em 2018.

Edvard Munch, Summer Day or Embrace on the Beach (The Linde Frieze), 1904.
Edvard Munch, Summer Day or Embrace on the Beach (The Linde Frieze), 1904

Dois Munch raros no leilão da Sotheby’s

A Sotheby’s revelou duas pinturas do artista norueguês Edvard Munch que serão leiloadas em sua sede em Londres em 25 de março. Juntas, as duas obras do início do século 20, um friso comissionado e um autorretrato, devem render 18,5 milhões de euros. As obras pertencem à coleção do patrono norueguês do Munch, Thomas Olsen.

Concluído em 1904, Summer Day or Embrace on the Beach (The Linde Frieze) retrata um casal num litoral bucólico. A tela foi uma encomenda da família do médico Max Linde e faz parte da série em que o artista começou a desenvolver seu estilo melancólico, explorando o amor, o ciúme, a ansiedade e a separação na virada do século. De acordo com a Sotheby’s, Munch acrescentou as figuras envolventes à esquerda – um motivo recorrente de casais entre união e ruptura – em uma data posterior.

Museum of Contemporary Art Helga de Alvear
Museum of Contemporary Art Helga de Alvear

Museu de Cáceres, na Espanha, ganha expansão e todas as obras da colecionadora alemã Helga de Alvear

Nesta primavera, Cáceres, uma pequena cidade na Espanha, se tornará um destino artístico europeu ao receber uma das mais importantes coleções de arte contemporânea do continente. A colecionadora e marchand alemã Helga de Alvear, que também é uma das fundadoras da feira ARCOMadrid, acumulou uma coleção formidável de 3.000 obras de arte contemporânea ao longo de quatro décadas. Ela doou sua coleção – na íntegra – ao recém-concluído museu na cidade de Cáceres. 

O museu será expandido para abrigar a coleção que inclui trabalhos de Joseph Beuys, Dan Flavin, Joseph Albers, Paul Klee, Nan Goldin e Jenny Holzer, entre outros. Ao todo, a coleção contém obras de 500 artistas e uma parte do acervo, cerca de 200 obras, será exposta quando o museu reabrir suas portas nesta primavera.Uma edição rara e bem preservada da aquarela Los Caprichos de Goya estará em exibição ao lado de obras de Louise Bourgeois, Thomas Hirschhorn e Nan Goldin. Artistas modernos como Wassily Kandinsky e Pablo Picasso também são apresentados.

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