Cinco tardes nos museus de Boston

De arte contemporânea que conecta com o mundo do videogame a clássicos assinados por Rembrandt ou Monet, passando por mostras sobre a experiência negra nos EUA

Tempo de leitura estimado: 4 minutos
Autorretrato de Rembrandt

Aos poucos alguns museus do mundo começam a reabrir. Primeiro foi a Europa e agora algumas instituições das cidades mais importantes dos EUA tomam coragem para receber o público. Boston é uma delas – mas com muita precaução! Se você pretende viajar para a região nos próximos meses, pegue papel e caneta para anotar o que há de melhor na cidade universitária que respira muita arte. Dos nomes mais clássicos aos criativos que pensam o futuro da estética e política na arte, tem para todos os gostos.   

Adam Pendleton
Adam Pendleton

Adam Pendleton no Isabella Stewart Gardner Museum

O museu criado a partir da coleção de Isabella Stewart Gardner e Jack Gardner já vale pela arquitetura: para construir o edifício, o casal viajou por Veneza, Florença e Roma para reunir fragmentos arquitetônicos para a futura galeria. Eles compraram colunas, janelas e portas para adornar todos os andares, bem como relevos, balaustradas, capitéis e estátuas dos períodos romano, bizantino, gótico e renascentista. Mas a coleção permanente também vale a visita – lá você poderá ver, por exemplo, um autorretrato de Rembrandt, que Isabela comprou aos 23 anos. O museu reabriu com uma mostra de Adam Pendleton, artista que pesquisa as relações entre abstração (geométrica), negritude e linguagens da coletividade. Três formas básicas – quadrado, triângulo e círculo – são os refrões nesta instalação do tamanho de uma sala. Pendleton é conhecido pelo o artista chama de “Black Dada”, uma articulação crítica de negritude, abstração e vanguarda.

Joana Vasconcelos em sua instalação “Valkyrie Mumbet”
Professional photography of Valkyrie Mumbet by Joana Vasconcelos

Joana Vasconcelos no MassArt Museum

Mais recente museu a abrir na cidade, o MassArt Art Museum é um must go para qualquer art lover que ama uma novidade. O programa reabriu com uma exposição com hipnotizantes instalações idealizadas pela artista portuguesa Joana Vasconcelos especialmente para o novo espaço. Em sua primeira mostra nos EUA, Vasconcelos homenageia Elizabeth “Mumbet” Freeman, uma mulher escravizada cuja batalha judicial por sua liberdade em 1781 ajudou a tornar a escravidão ilegal em Massachusetts. Vale visitar, ainda, a exposição coletiva Game Changers com artistas que trabalham na confluência de arte contemporânea e videogames. Seja destacando narrativas pouco exploradas, ultrapassando fronteiras tecnológicas ou imaginando mundos alternativos por meio da estética de jogos, os artistas apresentados em Game Changers estão descobrindo novas possibilidades para o que a arte relacionada a jogos pode ser e fazer.

Sterling Ruby
Sterling Ruby

Sterling Ruby noThe Institute of Contemporary Art

O museu que nasceu em parceria com o MoMA, mas já ganhou força para ser independente, abriu as salas com uma mostra que reúne 70 obras de Sterling Ruby. Abrangendo mais de duas décadas de carreira do artista, a exposição examina as origens e o desenvolvimento de sua prática, que vão desde desenhos e esculturas menos conhecidos até suas cerâmicas e pinturas renomadas. Desde seus primeiros trabalhos, Ruby investigou o papel do artista como um  outsider. Criticando as estruturas do modernismo e das instituições tradicionais, o artista aborda as bases reprimidas da cultura dos EUA e a codificação do poder e da violência.Fique de olho: o museu abrirá, na semana que vem, uma mostra do islandês Ragnar Kjartansson e, em novembro, será possível conferir obras do sul africano William Kentridge.

Black Histories, Black Futures

Black Histories, Black Futures no  Museum of Fine Arts Boston

A partir do dia 26 deste mês o Museum of Fine Arts Boston reabre com a mostra Black Histories, Black Futures. Com curadoria de jovens acadêmicos como parte da nova parceria do MFA com organizações locais de capacitação de jovens, a mostra concentra-se em obras de artistas negros do século 20. Programada para a celebração do 150º aniversário do MFA em 2020, a exposição cria um espaço para explorar e promover histórias, experiências e autorrepresentações negras. Black Histories, Black Futures inclui obras de artistas conhecidos como Archibald Motley, Norman Lewis, James Van Der Zee, Gordon Parks e Dawoud Bey e traz uma nova atenção aos artistas com conexões com Boston.

Charing Cross Bridge: Fog on the Thames, 1903, de Claude Monet

Harvard Art Museums

Harvard Art Museums são a combinação dos museus Busch-Reisinger, Fogg e Arthur M. Sackler, antes separados, tornando-se uma experiência bastante eclética. O museu de cerca de 19 mil metros quadrados – projetado pelo premiado arquiteto Renzo Piano – é impressionante, com um telhado em forma de pirâmide e tetos de vidro. Ele se estende por sete níveis e abriga 250.000 peças – ou seja: é preciso algumas visitas para conhecer apenas o acervo. Por isso, independente da mostra temporária apresentada, sempre indicamos dedicar algumas horas nas salas do museu.  As obras em exibição incluem pinturas, esculturas e artes decorativas americanas e europeias, representando desde os expressionistas alemães, materiais relacionados à Bauhaus e arte contemporânea do pós-guerra da Europa ( não se impressione se você encontrar pinturas impressionistas, incluindo obras de Claude Monet).

Joana Vasconcelos
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