9 artistas que ressignificaram a bandeira do Brasil nos últimos anos

Do “boom” do petróleo à denúncia da violência colonial, neste dia 19 de novembro (Dia da Bandeira), separamos trabalhos que partiram da bandeira nacional para falar sobre outros Brasis

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Comemorado no dia 19 de novembro, o Dia da Bandeira nos faz refletir sobre o sentido desse que é um dos nossos quatro símbolos oficiais como nação: a bandeira nacional. Segundo a a Lei nº 5.700, de 1 de setembro de 1971, ela é um dos símbolos que “representam a nação brasileira e o espírito cívico de seu povo”.

Ao longo dos anos, vários artistas se apropriaram deste símbolo para desenvolver obras que nos fazem pensar sobre questões urgentes de seus países de origem ou onde vivem. No Brasil, muitas delas foram criadas como críticas contumazes e eficientes à situação política e social vividas, se manifestando contra políticas genocidas e autoritárias, por exemplo.

Separamos aqui alguns artistas que reagiram nos últimos anos a questões contemporâneas, desenvolvendo trabalhos que ressignificaram a bandeira nacional:

Renata Lucas

Comissionada pela Casa do Povo, tendo feito parte da mostra-manifesto Rejuvenesça!, a obra Andar de Cima de Renata Lucas foi desenvolvida no espaço de tempo entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2018, na urgência de se posicionar sobre o momento de tensão que o país enfrentava. A obra atravessa os andares da instituição no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, com o mastro fincado na estrutura.

Shila Joaquim

Artista popular autodidata, pintora e ceramista, Shila Joaquim participa este ano pela quarta vez da Bienal Naifs do Brasil! Nesta edição de 2020, ela recebe prêmio destaque-aquisição pela obra O martírio de Nossa Senhora do Brasil, que mostra a figura de um indígena com a bandeira do Brasil cravada no peito, simbolizando os abusos e toda a violência cometida pelos processos de colonização.

Cildo Meireles

Em 2020, o artista Cildo Meireles criou esta obra gráfica para ocupar uma página inteira de jornal como crítica a políticas totalitárias e a declarações de políticos contemporâneos que atenuaram as brutalidades cometidas durante a ditadura no Brasil. Na época do regime militar, o artista também fez algumas ações críticas ao momento que foram publicadas em jornal.

Cris Bierrenbach

A fotógrafa e artista plástica Cris Bierrenbach tem em seu portfólio trabalhos de formatos diversos, passando por vídeo, performance, fotografia e instalações. Além disso, ela pesquisa sobre técnicas de impressão fotográfica do século XIX. Nesta obra, a artista utilizou de alimentos típicos da mesa de um Brasil popular (elementos que podem ser encontrados em uma feijoada) para formar a imagem da bandeira nacional, levando a uma reflexão sobre a nossa identidade a partir do que comemos.

Bruno Baptistelli

Criada neste ano para o projeto Four Flags, a obra de Bruno Baptistelli leva outras cores à bandeira do Brasil, levando o preto, o vermelho e tom de verde diferente à composição. Os dizeres “ordem e progresso” também não estão no espaço que lhe é comum na bandeira nacional. A obra se desenvolve como uma crítica às políticas de destruição aplicadas por governantes.

Denilson Baniwa

Nesta obra gráfica do artista Denilson Baniwa, há uma referência evidente à forma que a população indígena é abusada pelo capital, que usa de diversas ferramentas para praticar violência contra os povos da floresta. Nela, a crítica está na forma colonizadora que o empresariado utiliza um discurso de “construir o Brasil” para praticar abusos contra os povos originários.

Beto Shwafaty

Utilizando a cor preta cobrindo parte da bandeira, nesta obra, Shwafaty convidou o público a refletir sobre “os ciclos do petróleo quanto aos efeitos que tais ciclos exercem sobre um imaginário nacional”. Afinal, as cores da bandeira simbolizam as “riquezas” pertencentes ao país mas também sobre outras conotações socioeconômicas que esse elemento preto pode evocar.

Marcela Cantuária

O trabalho tem como ponto de partida narrar o avesso da história oficial, trazendo como protagonistas pessoas que até então estiveram na clandestinidade, sofreram desaparecimento forçado, foram torturadas e mortas durante as ditaduras civil-militar na América Latina. A composição obedece ao formato da bandeira do Brasil, tendo a sua cor verde substituída pelo vermelho, uma vez que o significado de Brasil, no tupi-guarani, é vermelho feito brasa. No plano circular sobre a pintura, onde seria o centro da bandeira, está representado o arcano da Estrela, do tarot de Rider Waite-Smith. O arquétipo traz consciência do passado e nos faz crer na esperança de uma mudança profunda.


Luiz Roque

A bandeira do Brasil está presente na obra Heaven, apresentada pelo artista na 32a Bienal de São Paulo, de forma desconstruída. A obra é uma ficção científica que aborda raça, classe e gênero… e o futuro. Por falar em desconstrução da bandeira, na obra TV (em exposição na mostra República, no Pivô), o artista separa todos os elementos geométricos da bandeira nacional, fazendo com que eles flutuem pela tela de uma televisão, como se fosse um descanso de tela.

TV, de Luiz Roque.
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