Como a arte pode ajudar o Pantanal?

As Brigadas Pantaneiras são as grandes protagonistas da mostra “Água Pantanal Fogo” no Instituto Tomie Ohtake

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Em 2020, o Pantanal – uma das maiores extensões alagadas do mundo – foi atingido pelos piores incêndios de sua existência. Sabe-se que as queimadas atingiram uma área de 44.998km², medida correspondente a mais ou menos 30% do território pantaneiro, localizado na porção brasileira. A fatalidade alarmou o país que, em meio a uma pandemia que ceifou 696.809 vidas até 28 de janeiro de 2023, se deparou de forma abrupta com a consciência de que espécies emblemáticas da cultura ecológica nacional, como a onça-pintada e a arara-azul, um dia não poderão mais percorrer as longas extensões pantaneiras – feitos da paulatina ameaça da seca e do fogo. 

No caos que assolava a região, surgiram as Brigadas Pantaneiras: grandes agentes no combate aos focos de incêndio. O programa opera na prevenção e luta contra as grandes queimadas, e opera desde 2020 reunindo as famigeradas brigadas rurais, espalhadas por toda a região. A iniciativa também se tornou responsável por estruturar os grupos abraçados, para que seus brigadistas recebam capacitação e instrumentos de qualidade, na trilha pela prevenção às queimadas logo em estado inicial. 

Fotografia de Luciano Candisani

A partir de hoje, dia 07, As Brigadas Pantaneiras, que até 2023, foram responsáveis pela diminuição em 89% das áreas afetadas pelos incêndios, serão as grandes protagonistas da mostra “Água Pantanal Fogo”, que ocupará o Instituto Tomie Ohtake até dia 12 de maio. 

Organizada pela iniciativa Documenta Pantanal, a exposição exibirá 80 obras fotográficas elaboradas por Lalo de Almeida e Luciano Candisani, das quais 06 serão vendidas e terão renda totalmente convertida para o fortalecimento das Brigadas. Curada por Eder Chiodetto, as fotografias expostas revelarão os contrastes paisagísticos entre a abundância de fauna e flora do bioma, e a fragilização gerada pelos incêndios de 2020. 

Em esforço humanitário, esse é o terceiro movimento de artes e artistas que se unem ao Documenta Pantanal, em prol da preservação do bioma. No ano de 2021, a instituição promoveu o evento “Artistas Pelo Pantanal”, quando 45 obras, em diversas linguagens, foram doadas por 42 artistas visuais, alcançando uma arrecadação de R$ 2 milhões. À época, participaram da iniciativa obras de artistas como Adriana Varejão, Araquém Alcântara, Carlito Carvalhosa, Elisa Bracher, Jac Leirner, João Farkas, José Bento, Laura Lima, Leda Catunda, Luciano Candisani, Luiz Zerbini, Regina Silveira, Santídio Pereira e Sérgio Sister e Vik Muniz. De acordo com Mônica Guimarães, coordenadora do Documenta Pantanal, “está no escopo do Documenta ações que possam auxiliar trabalhos em prol da preservação do Pantanal. O bioma continua a queimar e nesse ano ainda tivemos incêndios em plena cheia, o que é muito preocupante e óbvio reflexo das condições climáticas. Essa é uma extensão da ação que fizemos em 2021 e que continuaremos a fazer com todos os artistas que se dispuserem a ajudar o Pantanal”.Lalo de Almeida é o responsável por denunciar a hostilidade presente na maior queimada pantaneira já vista. O fotógrafo teve sua série de fotografias “Pantanal em Chamas” premiada na categoria Meio Ambiente no World Press Photo. Por outro lado, Luciano Candisani traz ao Tomie Ohtake seu trabalho feito durante do Pantanal. Candisani já fotografou em 40 países, incluindo as regiões geladas do Ártico e Antártica, e faz parte do coletivo The Photo Society.

Serviço:
Água Pantanal Fogo
Local: Instituto Tomie Ohtake
Período expositivo: De 07 de março a 12 de maio de 2024.
Entrada gratuita

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