12 artistas brasileiros que defendem a bandeira Queer

Sob diferentes perspectivas e camadas sociais, estes artistas dão força à luta pelo direito de existir sem perseguição

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Há tempos nos dedicamos a pesquisar talentos promissores da cena contemporânea. Por isso, hoje, especialmente no Dia do Orgulho, apresentamos doze artistas emergentes queer que, por meio de seus trabalhos, lutam e resistem no Brasil – país que persiste em liderar os rankings dos que mais matam LGBTIAP+ no mundo. São artistas que, sob diferentes marcadores sociais da diferença, temáticas e abordagens, se inserem no circuito artístico para falar de identidade de gênero, sexualidade e diversidade. 

Vale ressaltar que a ideia aqui é ampliar nossos repertórios e abrir espaços para nomes negligenciados ao longo de toda a história da arte. Portanto, essa lista é apenas um ponto de partida para descobrir e acompanhar produções potentes, sem a intenção de resumir a variedade de investigações poéticas da comunidade queer sob um único recorte. 

Ani Ganzala Lorde

Ani Ganzala Lorde, momentos de amor, 2023

Descendente de pataxós e tupinambás, Ani Ganzala Lorde nasceu em Salvador, na Bahia. Seja nas empenas da cidade, nas telas sobre cavalete ou no audiovisual, a artista elabora narrativas de ternura, que cruzam temáticas de sexualidade LBTQI+, valorização da natureza e espiritualidade afro-brasileira. 

Efe Godoy

Retrato de Efe Godoy com obra TRANS/parentes, 2022

Natural de Sete Lagoas, Minas Gerais, a artista transvestigênere – termo usado para  pessoas trans não binárias – hoje vive e trabalha em Belo Horizonte. Suas criações baseadas em vídeo, desenho, pintura e performance, pautam memórias de infância imersas em uma estética lúdica e fabulística. Representada pela Galeria Celma Albuquerque, Godoy foi indicada ao Prêmio Pipa 2022.

Élle de Bernardini

Élle de Bernardini, Dance With Me, 2018-2019

Nascida em Itaqui, no Rio Grande do Sul, Bernardini tem seu próprio corpo como principal suporte, visto que além de performer das artes visuais, também é bailarina. Baseada em conceitos da filosofia de gênero, como as questões abordadas por Paul B. Preciado, a artista permeia temáticas de identidade, política e sexualidade. Seu trabalho já é amplamente reconhecido pelo circuito e integra importantes coleções como, Museu de Arte do Rio, Museu Nacional da República, Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outras. 

Fefa Lins

Fefa Lins, & se trans for mar, 2022

Fernando, ou Fefa, é artista visual de Pernambuco e tem o próprio corpo como objeto de estudo. Trabalhando principalmente com a pintura a óleo, seus autorretratos, ainda que às vezes possuam elementos ficcionais, estão sempre intimamente ligados às suas vivências enquanto transmaculino. Em 2021, teve sua primeira exposição individual pela galeria Amparo 60, em Recife, e agora passou a ser representado pela galeria Verve. Ano passado, foi indicado ao Prêmio Pipa 2022 e compôs o time de artistas que expuseram na importante Histórias Brasileiras, no MASP.

Luiz Roque

República, de Luiz Roque, no Pivô
República, de Luiz Roque, no Pivô

O gaúcho, que hoje vive e trabalha em São Paulo, cruza investigações sobre gênero sci-fi, o legado do modernismo, a cultura pop e a biopolítica do corpo queer. Tendo integrado a exposição da Bienal de Veneza do ano passado, o artista vem desdobra suas investigações entre o cinema, a arte e a teoria crítica, para propor uma visão do corpo como território de disputas e transformações políticas.  

Nidia Aranha

Nidia Aranha, ORDENHA, 2020

Nascida em Itaguaí, na baixada fluminense do Rio de Janeiro, Aranha é uma artista visual que subverte as noções conservadoras sobre o corpo humano, compreendendo este como parte de uma construção histórica, cultural e política, sujeita a infinitas transformações físicas e poéticas. Desta forma, muitas vezes, seu próprio corpo travesti torna-se obra. “Cápsula de Leite”, por exemplo, que foi exposta no ano passado no MASP na exposição Histórias Brasileiras, é uma obra composta por uma cápsula futurista que carrega o leite produzido pela própria artista, enquanto ela esteve sob uma dieta hormonal que resultava na indução de lactação.

Jade Marra

Jade Marra, incêndio, 2023

A artista brasileira, nascida em Belo Horizonte, cria cenas que poderiam ser banais sobre o cotidiano entre duas namoradas, por exemplo, mas o afeto e a intimidade singularizam suas criações. Estas não entregam cenas em planos abertos ou cheios de detalhes, mas focam em poucos elementos, que, sem entregar toda a narrativa, deixam um tom de mistério e nos instiga a querer saber mais. 

Rafael Bqueer

Rafael Bqueer, Alice e o chá através do espelho, 2014-2020

Nascido em Belém, no Pará, Rafael BQueer aborda em seus trabalhos as intersecções entre os espaços urbanos, o corpo, a decolonialidade, o gênero e a identidade, muitas vezes elaborando um universo onírico. Como um artista multidisciplinar, transita entre a pintura, a performance, a fotografia e o vídeo. Seus trabalhos mais conhecidos se desdobram a partir das práticas performáticas que realiza adotando a persona Uhura BQueer, uma drag queen.

Ritchelly Oliveira

Ritchelly Oliveira, O espaço entre dois segundos, 2023

Parece fotografia, parece colagem, mas são pinturas. O artista paraense expressa seu interesse pela figura humana criando imagens hiper-realistas, que destacam corpos entrosados em ternura. Trazendo protagonismo à figuras negras e homossexuais, sob uma estética próxima da produção publicitária de moda, Ritchelly afirma seu compromisso de empoderamento através do amor.

Ros4 Luz

Rosa Luz, E se a arte fosse travesti, 2016

Nascida em Gama, Distrito Federal, Ros4 Luz traduz sua expressão artística em diferentes meios – como o rap, comunicação e artes visuais. Partindo de suas vivências enquanto mulher preta e trans, a artista faz de seu corpo uma plataforma contra as violências sociais, enquanto questiona o espaço que as pessoas trans ocupam na História da Arte. Representada pela Central Galeria, a artista já expôs seus trabalhos em instituições como MAM-SP, Bienal de Curitiba, MASP e Paço das Artes.

TRANSÄLIEN

Retrato de Transalien. Foto: Ton Gomes

Ana Giselle é uma multiartista pernambucana que escolheu o codinome TRANSÄLIEN baseado no senso errôneo de “anormalidade” que a sociedade projeta sobre seu corpo trans. Seu próprio alter ego é, por si só, uma constante e poderosa performance, visto que ela utiliza máscaras e dispositivos estratégicos para se transmutar e driblar qualquer predefinição de imagem-persona imposta. 

Yacunã Tuxá

Yacunã Tuxá, “Mulher indígena e sapatão”, 2019

A ativista, ilustradora e artista visual, da etnia Tuxá, de Rodelas, na Bahia, constrói suas diferentes criações a partir de ferramentas digitais. Suas temáticas costumam pautar a pluralidade das mulheres indígenas, refletindo sobre sua espiritualidade, memória de seu povo e a sabedoria de suas anciãs. As suas obras já foram expostas em importantes instituições nacionais como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, Instituto Tomie Ohtake e Museu de Arte do Rio.

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