O que ver em Miami além da Art Basel 2022

Galerias abrem espaços temporários em Palm Beach e exibem nomes consagrados; coleções e instituições abrem nova temporada de exposições com recortes variados, que vão de jovens artistas promissores à arte cubana do século 21

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Nem só da Art Basel vive Miami nesta virada de novembro para dezembro de 2022. A prova é a agenda de vernissages que anunciam o período mais agitado e interessante do calendário artsy da cidade, aproveitando o público internacional trazido pela feira. Quem está na cidade para fazer uma imersão nesse universo não pode perder algumas das exposições mais bacanas selecionadas pelo AQA para o público.

Quem quer aproveitar para sair um pouco da cidade mais cubana dos EUA e conhecer o charmoso balneário de Palm Beach, distante uma hora de carro, tem duas opções de peso com espaços temporários por lá: Lehmann Maupin e Pace. A primeira apresenta a mostra “Part Two: Run”, um dos capítulos da série de exposições da novíssima produção de Alex Prager, um craque na realização de fotos e filmes que recriam gêneros como western e noir, num resultado saudosamente futurista, ou futuristicamente retrô. 

“Zero Cobra” (2022), de Lynda Benglis, que abre mostra nesta quarta na Pace Palm Beach

Depois de encerrar no domingo passado (27/10) uma mostra com ênfase na produção de moda do fotógrafo Irving Penn, a Pace abre na quarta (30/11) uma exposição da escultora Lynda Benglis (que no Brasil é representada pela Mendes Wood DM). 

A norte-americana de 81 anos é um ícone com suas obras de bronze e diferentes metais e também látex derramado, resultando em formas orgânicas em escalas que chegam ao monumental. Na mostra, serão exibidas obras produzidas em períodos diversos, entre gravuras da série “Palmetto”; seis cerâmicas em pequena escala da série “Elephant Necklace” e duas esculturas.

O Lowe Art Museum traz nomes fundamentais da arte afro-americana do século 20 em duas individuais: Charles White (1918-1979) e Jacob Lawrence (1917-2000). O tratamento de White à figura negra é realista e profundo, mas suas composições criam cosmogonias e transcendem o cotidiano em busca de uma imagética que traduza a singularidade do universo afro-americano. 

Obra da série “The Legend of John Brown”, de Jacob Lawrence, tema de individual no Lowe Art Museum

Esse mesmo universo é representado por Lawrence a partir do contraste de cores fortes e de uma estética estilizada, quase cartunesca, em que figuras negras ou importantes para a luta do movimento de emancipação das pessoas negras nos EUA têm suas trajetórias recontadas em pinturas seriais. 

O El Espacio 23, ex-armazém de cargas adaptado pelo colecionador Jorge M. Pérez para exibição de arte contemporânea de sua coleção, leva ao público “You know who you are”, mostra abrangente de arte cubana do século 21 a partir de trabalhos adquiridos por Pérez desde 2017, produzidos por mais de 110 artistas da Ilha ou da diáspora cubana.

The Margulies Collection explora um recorte de fotografias clássicas da Grande Depressão norte-americana, depois que a Bolsa de NY quebrou (1929) e famílias inteiras foram à ruína, na exposição “The Bitter Years”, com ênfase na produção de Dorothea Lange (1895-1965) e Walker Evans (1903-1975). É de Lange a foto mais emblemática do período, “Mother Migrant” (1936), em que uma mãe em uma barraca precária mostra-se desconsolada com os filhos ao colo.

“Mother migrant” (1936), fotografia de Dorothea Lange em cartaz em The Margulies Collection

Partindo dos jovens artistas com os quais a família Rubell vem travando contato recentemente, o Rubell Museum seleciona nomes para ocupar seu espaço em Miami durante um ano, difundindo essa produção às vezes comissionada ou já adquirida pela instituição. 

Para a temporada 2022-23, foram selecionados Alexandre Diop, Patricia Ayres, Doron Langberg, Jared McGriff, Jo Messer, Clayton Schiff e Tesfaye Urgessa, todos com poéticas, nacionalidades e estéticas muito diferentes entre si. O artista franco-senegalês Alexandre Diop (b. 1995, Paris), por exemplo, usa objetos descartados em obras que levantam questões sociopolíticas, raciais, culturais e de gênero, e apresenta o resultado da residência de 3 meses no museu.

Finalmente, o Superblue é uma experiência imperdível, repleto de instalações imersivas que subvertem a percepção do público. Uma das mais recentes no local é “Pulse Topology”, impressionante nova instalação do renomado artista mexicano-canadense Rafael Lozano-Hemmer. São 3.000 lâmpadas suspensas em ondulações, cada uma brilhando ao ritmo do coração de um espectador diferente. Com essa lista, Miami é uma festa na Art Basel e muito além.

“Pulse Topology”, nova instalação de Rafael Lozano-Hemmer no Superblue
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