Documentário “O Rei do Mau Gosto” é um importante retrato nacional

Criado em homenagem ao artista Rubens Gerchman que faria 80 anos, o filme retrata a criação artística e a atuação política de uma geração entre os anos de 1963 e 1978 no Brasil

Tempo de leitura estimado: 3 minutos
Rubens Gerchman
Retrato de Rubens Gerchman. Créditos: Divulgação

“Um país não é construído apenas com indústrias, ferrovias e um plano econômico. Um país se constrói também com imagens. E essas imagens são fundamentais para formar um caráter, para formar uma cultura, para formar um comportamento.” Esse é o comentário de Antonio Dias apresentado no documentário Rubens Gerchman: O Rei do Mau Gosto que melhor o resume. 

Com direção de Pedro Rossi e consultoria de Clara Gerchman, o filme é uma homenagem ao artista que completaria 80 anos em 2022, cuja produção bem exemplifica a fala de Dias. Apesar do nome sugerir uma possível biografia, a trama tem grande foco no cenário político e na produção artística que o circundava Gerchman entre os anos 1963 e 1978 no Brasil. Contexto este que envolve as vésperas, início e agravamento da ditadura militar no país. 

E não poderia ser diferente, visto que a produção do artista é intrinsecamente vinculada ao cenário em que é inscrita. Inspirado pela ascensão da arte pop e movimento de contracultura no país, a produção figurativa de Gerchman incorpora a estética do kitsch sem delicadezas ou sofistificações tanto no tratamento quanto nos temas abordados – por isso o nome “o rei do mau gosto” o qual ele se autointitulou. Ele se apropria dessa linguagem única como um valor para tratar ou até denunciar o momento político vivido. 

Rubens Gerchman
Obra “O Rei do Mau Gosto”, 1966 – Rubens Gerchman. Cortesia Instituto Rubens Gerchman

Não espere por um documentário sóbrio e pacato. A produção conta com um material visualmente atraente e riquíssimo em conteúdo – muito do qual gravado em câmeras Super 8mm por Carlos Vergara e pelo próprio Gerchman -, além de leituras de cartas que um dia foram destinadas ao protagonista e relatos de outros grandes nomes da mesma geração como Anna Bella Geiger, Tunga, Anna Maria Maiolino, Carlos Vergara, entre outros. 

Em cerca de apenas 1h15 de duração, o filme traz um retrato cru e inspirador sobre a produção nacional. Sendo assim, podemos dizer que o Rei do Mau Gosto criado em memória de Gerchmann é essencialmente sobre uma memória coletiva de todos nós.

Em breve haverá algumas exibições públicas. Uma será televisiva no Canal Brasil e ainda não há datas confirmadas. Outra será presencial compondo a programação gratuita do Cine Lage, no Rio de Janeiro. Esta segunda acontecerá no dia 24 de agosto e conta com uma conversa com Luiz Carlos Lacerda e Rodrigo Fonseca ao final da sessão. Fica aqui nossa super recomendação.

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