Jogos, arte e política se encontram na primeira individual de Gui Teixeira

A Galeria Sé apresenta a primeira mostra individual de Gui Teixeira em uma galeria comercial, propondo tensões entre o corpo e a consciência coletiva

Gui Teixeira
Tenda (2022) de Gui Teixeira

Quando que a arte e o jogo se encontram? Uma obra de arte lúdica é alienante? Banal? Gui Teixeira nos prova o contrário. Para o artista paulistano que abre sua individual no próximo sábado, dia 25 de junho, na Galeria Sé, o jogo pode ser uma ferramenta fundamental para construir uma sociedade que se reconheça enquanto coletivo. 

Sob curadoria de Galciani Neves, a exposição carrega o título E o Mais Desaparecido é o que Aparecerá com mais força, um micropoema do escritor português Gonçalo M. Tavares que é bastante significativo sobre o momento de vida do artista. Ele que ainda sendo jovem, já tem mais de 20 anos de carreira, com uma grande extensão de exposições e oficinas, “aparece” pela primeira vez numa galeria comercial. Mas além disso, o título místico profetiza mudanças e deixa aberto a interpretações do público, que por sua vez, é bastante incitado na mostra.

Gui Teixeira
Oráculo Infinito (2022) de Gui Teixeira

Os processos criativos das obras de Teixeira não se restringem ao artista, afinal para ele “quando você está fazendo arte, você está criando a si mesmo”, por isso ele acredita no poder de um público participativo, criando aproximações entre arte e pedagogia, entre o brincar/jogar e a ação política. 

Entre os destaques da exposição está a Massagem Social, uma instalação criada há 10 anos, mas que estava guardada na gaveta, é apresentada pela primeira vez em frente à entrada da galeria. Pensada especialmente para o espaço público, ela é composta por dez cadeiras de massagem, dispostas de forma circular. A ideia é que o objeto sugira a ação, e que ao sentarem-se, as pessoas percebem que não estão ali apenas para receber uma massagem, mas também para fazer massagem na pessoa que ocupa a cadeira da frente. 

A obra é inspirada em um dos exercícios do livro Jogos para atores e não atores, do diretor de teatro, ensaísta e dramaturgo Augusto Boal. Além do contato físico e do gesto de afeto, que já nos causam certa estranheza depois de passarmos por momentos tão restritos do isolamento social, a obra também propicia uma situação em que o visitante pode sentir-se parte de um todo e que, teoricamente, ele deve fazer para o outro o que quer que façam com ele. “Nos últimos tempos, a gente se embruteceu muito”, explica o artista, “quero que a arte seja um espaço de troca, de crescimento, de fortalecimento e de cura”. A instalação será ativada na abertura da exposição e em todos os sábados, durante o período de visitação.

Gui Teixeira
Massagem Social (2012-2022) de Gui Teixeira

Além deste trabalho, destacam-se também as telas Atravessamento I e II (2022), onde passagens de ar constituem um corpo e flechas fazem dele um alvo, um campo de direcionamento; Parede para escalar com os olhos (2022), uma instalação de pedaços de madeiras tingidas, diretamente realizada na parede da galeria; e a série de pinturas Oráculo infinito (2022), que apresenta um conjunto de símbolos e abstrações que, segundo o artista, são como espelhos dele e que podem também dizer sobre que as vê.

Serviço

Gui Teixeira: E o Mais Desaparecido é o que Aparecerá com mais força

Local: Galeria Sé 
Endereço: Alameda Lorena, 1257, Vila Modernista, casa 2
Data: De 25 de junho a 20 de agosto de 2022
Funcionamento: Terça a sexta, das 12h às 19h. Aos sábados, das 12h às 17h
Ativação da instalação Massagem Social: aos sábados do dia 09 de julho a 20 de agosto, das 12h às 17h
Ingresso: Grátis

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