INHOTIM: Por que visitar o museu neste ano?

O museu mineiro exibirá em 2024 nomes como Grada Kilomba, Paulo Nazareth e Pipilotti Rist. Conheça mais detalhes sobre os criativos que integrarão a programação deste ano

Tempo de leitura estimado: 6 minutos

O primeiro semestre do ano cumprimenta o mundo artístico com uma programação repleta de novidades em Inhotim. A partir de abril de 2024, o maior museu a céu aberto da América Latina abre suas portas para os artistas Grada Kilomba, Paulo Nazareth, Rivane Neuenschwander, Pipilotti Rist e Rebeca Carapiá, que ocuparão as galerias da instituição.  

Para o museu mineiro, os artistas trazem obras que pautam temáticas como feminismo, decolonialidade, territorialidade, entre outras questões que permeiam a vida humana, como interações sócio econômicas e o medo. 

Entre esculturas, performances e instalações, o ARTEQUEACONTECE te guia por uma enciclopédia express dos criativos que se hospedarão em Inhotim neste ano, para que você conheça mais sobre os porquês de visitar as exposições inauguradas, em breve, nas proximidades de Belo Horizonte. 

GRADA KILOMBA

A artista e filósofa portuguesa, Grada Kilomba, na Pinacoteca de São Paulo. | Imagem: Maressa Andrioli

Artista e filósofa que integrou a equipe de curadores da Bienal de Artes de 2023, essa é a primeira vez que Grada Kilomba realiza uma passagem pelo museu mineiro, e, para celebrar sua estreia, a portuguesa traz a obra “O Barco”, exibida pela primeira vez no Brasil, dentro da galeria Galpão. A criação escolhida pela artista apresenta ao público uma escultura feita a partir de centenas de blocos de madeira carbonizada, ordenados para formar a silhueta de um grande navio. Algumas das peças de marcenaria possuem versos de um poema escrito por Kilomba, gravados e destacados em dourado, traduzidos para seis idiomas: yoruba, kimbundu, crioulo, português, inglês e árabe.

O Barco de Kilomba ainda é acompanhado por uma performance dirigida pela artista e composta por cantores, bailarinos e musicistas, nascidos em diferentes países, que no passado foram colonizados por Portugal. 

Performance “O Barco” acontece pela primeira vez no Brasil, em Inhotim. | Imagem: Gabi de Luca/Cortesia da Artista

Conhecida por sua escrita subversiva e pelo uso não convencional de práticas artísticas, Kilomba cria intencionalmente um espaço híbrido entre as linguagens acadêmica e artística, dando corpo, voz e imagem a seus próprios textos por meio de leitura cênica, performance, instalação e vídeo. Fortemente influenciada pelo trabalho de Frantz Fanon (1925-1961), psiquiatra e filósofo francês da Martinica, começou a escrever e publicar sobre memória, trauma, psicanálise, feminismo negro e colonialismo, estendendo sua pesquisa à performance, encenação, coreografia e visualização das narrativas pós-coloniais. “Quem fala? Quem pode falar? Falar sobre o quê? E o que acontece quando falamos?” são questões permanentes em seus trabalhos, nos quais a artista cria imagens singulares para desmontar os conceitos de conhecimento, poder e violência.

Grada Kilomba estreia em Inhotim a partir do dia 13 de abril de 2024. 

PAULO NAZARETH

Paulo Nazareth, sem título, série Sombreiro, 2012. | Imagem: PNAC/LTDA

Ainda na segunda semana de abril, no dia 13, Paulo Nazareth (notório por suas performances que colocam o seu corpo no mundo) abre sua mostra na Galeria Praça. Natural de Minas Gerais, o artista também ocupará outros ambientes de Inhotim com obras comissionadas pela instituição. 

Nazareth trará ao museu um bananal plantado na área verde da instituição, entre outros trabalhos que discutem território e deslocamentos – tópicos bastante abordados pelas peças que recebem sua autoria. 

Questionando os limites da performance enquanto linguagem artística, Paulo Nazareth oferece aos amantes de arte obras que não se limitam apenas pelos objetos elaborados em si, mas também pelo próprio comportamento do artista diante de suas criações, definindo seu fazer artístico como “Arte Conduta”. Em março de 2022, o Pivô, de São Paulo, recebeu uma série de pinturas realizadas por Nazareth, na maior exposição individual já feita no local. A mostra VUADORA incluiu esculturas, vídeos, instalações, e discutiu questões raciais e políticas.

PIPILOTTI RIST

A Artista Pipilotti Rist. | Imagem: Sem Autoria Atribuída

Já no dia 19 de outubro, Inhotim recebe a artista suíça Pipilotti Rist na Galeria Fonte, que trará para o Brasil a instalação imersiva “Homo Sapiens Sapiens”. A obra consiste em um filme gravado nos jardins de Inhotim em 2004, já exibido na Bienal de Veneza de 2005, quando ocupou a Igreja de San Stae. 

De acordo com informações curatoriais fornecidas pela instituição, este trabalho representa “corpos femininos que se fundem à natureza, a partir de visadas que se aproximam em grandes zooms e se desdobram em imagens caleidoscópicas”. A artista ainda reproduz em suas filmagens referências que vão desde o Jardim do Éden à iconografia barroca. Configurando caráter inédito, Pipilotti Rist exibirá esta obra pela primeira vez no Brasil.

Nascida em Grabs, Suíça, em 1962, a artista é reconhecida internacionalmente por suas videoinstalações imersivas e experimentais. Ganhou destaque na cena das Artes Visuais nos anos 80, época em que começou sua transição gradativa de telas de vídeo para obras instalativas, que convidam o público a participar da performance artística. Objetos de pesquisa de Rist, a relação entre o corpo humano e outros elementos da natureza, mediante a criação de ambientes imaginários e atmosferas sensoriais, são fortemente presentes em seus trabalhos.

RIVANE NEUENSCHWANDER

A artista Rivane Neuenschwander inaugura exposição na Galeria Mata, em 2024, no museu Inhotim. | Imagem: The New York Times

No mesmo dia em que Pipilotti Rist apresenta pela primeira vez Homo Sapiens Sapiens no museu, Rivane Neuenschwander apresenta trabalhos distintos que expõem diversos momentos de sua carreira ao público. Ocupando a Galeria Mata, a artista nascida em Belo Horizonte traz instalações, obras audiovisuais, pinturas e esculturas que contam histórias sobre infância, natureza, ecologia e discutem os temas memória e ditadura. 

Presente no acervo do Inhotim, a artista inaugurou em 2009 a obra Continente/Nuvem (2008), instalada em uma antiga construção residencial. Com esta exposição, retoma na instituição projetos que contam com forte carga poética para tratar de inquietações, medos e desejos que atravessam nosso tempo, em instalações, obras audiovisuais, pinturas e esculturas.

A abordagem dos tópicos medo e infância, por exemplo, são notáveis nos trabalhos de Neueschwander. Suas obras podem ser descritas como “o resultado da combinação entre um apurado exercício de observação do cotidiano e a capacidade de articular elementos materiais e simbólicos”, como uma forma de evocar poéticas singulares. Desse modo, ela convida o público a explorar seus próprios sentimentos perante a contemplação artística. A criativa já participou das Bienais de São Paulo dos anos de 1998, 2006, 2008 e 2013, e também já fez participações nas Bienais do Mercosul de 2005 e 2007. 

REBECA CARAPIÁ

Rebeca Carapiá, natural da Bahía utiliza a escrita para criar esculturas. | Imagem: Uiler Costa Santos

Em outubro, Rebeca Carapiá apresenta sua exposição solo em uma área de jardim. O trabalho fora comissionado especificamente para Inhotim, e traz “um conjunto de esculturas e instalações que, como linhas de desenho, avançam pela tridimensionalidade para inventar novos modos de se inscrever em seu tempo”. A proposta feita pela a artista para o ano de 2024 é a de criar um projeto artístico em parceria com os ateliês de montagem de Inhotim, de modo que seu trabalho ganhe novas escalas e métodos construtivos. 

A instalação “Campo Elétrico 01: Raiva, Sal, Saúde e Tempo”, de Rebeca Carapiá. | Imagem: Galeria Leme.

Nascida na Bahia, Rebeca Carapiá parte do exercício contínuo da escrita – entendendo a prática também como desenho – para elaborar esculturas de aço e refletir sobre a experiência de uma “mulher sapatão tentando ser artista na periferia”. No último ano, Carapiá integrou diversas exposições institucionais de grande destaque, incluindo “Fazer o moderno, construir o contemporâneo: RUBEM VALENTIM” e “Direito à forma” no próprio Inhotim. Dentre elas, vale destacar “Um defeito de cor” no MUNCAB; “Mãos – A Mão Afro-Brasileira” no Museu de Arte Moderna de São Paulo e Museu Afro Brasil Emanoel Araújo; “Dos Brasis: Arte e Pensamento Negro” no Sesc Belenzinho; além da sua individual  “Entre hoje e ontem para dizer sobre amanhã” na Galeria Leme.

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